Dia 31 de outubro,
celebraremos os 503 anos da Reforma. No século XV e até ainda hoje, as pessoas
tinham uma falsa compreensão de Deus. Ele era visto como um Deus de ira e
julgamento. Os seres humanos só poderiam agradar-Lhe por meio das suas boas
obras. Jesus era tão santo, que as pessoas não podiam aproximar-se dele em
oração, sem a mediação do sacerdote. Então, os fiéis oravam aos santos
falecidos, e os sacerdotes intercediam por eles. Nesse período, a Igreja
Católica Romana oferecia perdão de pecados, que podia ser comprado com dinheiro,
boas obras e penitências, mesmo em favor de parentes que já haviam morrido. Foi
um falso e equivocado entendimento do amor de Deus.
Hoje, nossa cultura
também tem uma falsa concepção das mesmas questões fundamentais da vida, as
quais confrontaram Martinho Lutero. Como eu posso ter a certeza do perdão dos
meus pecados e, assim, estar em paz com Deus? Como posso ter certeza de que a
eternidade com Deus é o meu destino? Essas ainda são perguntas que homens e
mulheres estão fazendo em nossos dias. Charles Colson, em seu livro “The Body”
afirma: “Desde o início, o pensamento civilizado ocidental foi construído sobre
a existência da verdade absoluta. O consenso intelectual predominante estava
enraizado na tradição judaico-cristã e nas ideias greco-romanas, que explicavam
o universo, a humanidade e o propósito da vida. Quer acreditemos em Deus ou
não, essa imaginação deu origem à forma e substância da ciência, arte, música,
comércio, que garantiu um ambiente positivo para o discurso político e ético. Agora
o mundo ocidental está sob a influência do misticismo oriental e do
secularismo, em que não há verdade absoluta. Separados desta, estamos perdidos
no cosmos, como uma nave Enterprise à deriva no tempo e no espaço.”
Pilatos perguntou a
Jesus: “O que é a verdade?” Jesus respondeu: “Eu sou a verdade.” “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” Ele
tinha ouvidos, mas não ouviu, pensou, como muitos em nossa cultura, que
encontraria a verdade, olhando-se no espelho. O cristianismo está enfrentando o
mesmo desafio que Martinho Lutero enfrentou. Qual é a verdadeira mensagem de
Deus? Nossa cultura pressiona as pessoas a aceitarem a falsa premissa de que
não existem absolutos morais. As pessoas exigem tolerância a práticas
pecaminosas. Há uma tentativa contínua de silenciar os valores cristãos e
colocar a Bíblia como apenas mais um caminho a Deus, junto com outras crenças
religiosas. Negando o que as Escrituras nos dizem em Atos 4:2 “Não há salvação em nenhum outro, pois,
debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser
salvos"
Como
muitos outros nos séculos XIV E XV, Martinho Lutero pensava que, ao se tornar
um monge, poderia encontrar um caminho para agradar a um Deus justo e obter o
perdão de seus pecados. Quanto mais ele rezava e se autoflagelava para ser
puro, mais ansiedade e incerteza o dominavam. Enquanto Lutero estava ensinando
o livro de Romanos na Universidade de Wittenburg, Deus o convenceu com as
seguintes palavras: “Porque no evangelho
é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé,
como está escrito: "O justo viverá pela fé" (Rm 1:17) O fardo de
Lutero, seu medo da morte, tudo voou pela janela e sua mente, alma e corpo
foram libertos.
Nos
dias do reformador, as pessoas ouviam as seguintes palavras: “Assim que a moeda
do cofre tilintar, a alma do purgatório sairá.” Com dinheiro podia adquirir o perdão,
a salvação. Essas palavras significavam que a morte de Jesus na cruz não foi
suficiente para pagar pelo nosso perdão total nem pela nossa justificação. Hoje,
ouvimos as seguintes palavras: “Estamos todos em uma jornada espiritual e existem
muitos caminhos para Deus. ” O homem moderno quer criar sua própria escada para
Deus, em vez de aceitar que Jesus é a única escada de Deus. Nos dias de Lutero,
a verdade da justificação era jogada fora por causa de moedas e um pedaço de
papel chamado indulgência, em nossos dias, a justificação pela fé em Jesus é
descartada pela exigência de tolerância ao pecado e perda da verdade absoluta.
Paulo
escrevendo à igreja de Corinto, afirmou: “Deus
tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos
tornássemos justiça de Deus.” (II Co 5:21) Na psicologia, isso é chamado de
“transferência”, Deus transferiu para Jesus todos os nossos pecados e para nós toda a Sua justiça. É um presente
gratuito, se o recebermos como nosso salvador. Jesus foi a presença visível do
Deus invisível na terra. Sua missão era trazer a salvação, o dom gratuito do
perdão, a promessa de vida eterna. Na carta aos Colossenses, o apóstolo nos
ensina que o próprio Deus trouxe de volta para si todas as coisas na terra e
nos céus, fazendo a paz por meio do sangue de Cristo derramado na cruz. Pela fé
podemos estar diante do Criador do Universo, santos e sem mácula, livres de
acusação, se nos mantivermos em nossa fé em Cristo. (Cl 1:15-23).
Levando-se
em consideração os pontos apresentados, torna-se necessário o resgate da
mensagem da Reforma: Um Deus gracioso que salva o pecador pela fé na obra
substitutiva de Jesus Cristo. Não há outro caminho para se reconciliar com o Criador,
e viver em plenitude de vida, sem reconhecer sua total incapacidade de auto
salvar-se e render-se completamente a Ele pela fé.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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