Nesta semana somos
lembrados do preconceito racial com a celebração do Dia da Consciência Negra.
As pessoas hoje estão mais sintonizadas com as questões do preconceito do que em
qualquer outro momento da história da humanidade. Contudo o fato de ter ciência
de algo não representa um remédio de ação imediata.
O preconceito é muito
parecido com o câncer. É muito agressivo e prejudicial. Cresce rapidamente e
seus efeitos são de longo alcance. Ele destrói vidas, relacionamentos e
prejudica nossa capacidade de viver aquilo para o qual fomos projetados.
Existem poucas curas na medicina, as quais seriam tão bem-vindas e elogiadas
como a cura para o câncer, mas pretendo, a partir do texto supracitado, dar uma
olhada sincera na medicação eficaz muito real e disponível para o mal do
preconceito.
Para
que o tratamento funcione, deve ser administrado exatamente como o médico
prescreve. A receita apresentada, em nosso texto, mostra-nos três passos
importantíssimos:
Devemos reconhecer uma
história de preconceito. v.14 Pedro constatou e admitiu o seu desprezo aos
gentios (povos de outras nações, religiões e costumes). Mas ele não foi o único
personagem bíblico a possuir preconceito, também podemos vê-lo no profeta Jonas
em seus sentimentos para com os ninivitas, bem como nos demais discípulos de
Jesus em suas atitudes para com a mulher siro-fenícia, os samaritanos e existem
muitos outros. Infelizmente, muitos cristãos continuam a praticá-lo hoje,
inclusive em nosso meio. O preconceito não se dirige apenas às pessoas de
diferentes origens raciais ou étnicas, mas também pode ser dirigido a
indivíduos de diferentes níveis socioeconômicos, ou talvez até mesmo a alguém
cujo estilo de vida não corresponda aos nossos próprios padrões, “que
consideramos elevados”.
Se queremos cura para
as nossas atitudes preconceituosas é fundamental reconhecermos e admitirmos que
as possuímos.
Possuir
um coração disposto a mudar – v.6 Este versículo mostra que Pedro se encontrava
hospedado na casa de Simão, o curtidor. Aqueles que conhecem a passagem sabem o
que um curtidor faz. Ele trabalha com peles de animais mortos. Levítico onze
deixa claro quais animais são limpos ou impuros e também mostra notoriamente
que se alguém tocar a carcaça de um desses animais sem saber se torna impuro. O
texto não nos diz que esse operário em particular só lidava com peles de
animais que eram considerados limpos. De qualquer maneira, fica claro que Pedro
estava disposto a arriscar, ficando na residência de um curtidor. Embora ele
possa não ter comido alimento impuro, não o incomodava ficar um pouco perto
dele.
Para
vencer o preconceito, devemos dispor o nosso coração a superar as barreiras que
levantamos, sejam elas religiosas, raciais, sociais, ideológicas e muitas
outras. Ter o coração aberto para se aproximar das pessoas independentemente da
sua situação.
Abraçar
uma herança de amor . v.15 – Pedro ainda precisava descobrir o que isso
significava, mas podemos agora nos dar ao luxo de ver e saber como tudo de fato
se desenrola. É claro que Pedro não era conhecido por ter uma pessoalidade das
mais fáceis, ele tinha visto isso acontecer várias vezes, sem o simbolismo, no
ministério de Jesus. Podemos aqui destacar alguns exemplos de como Cristo amou
e limpou aqueles que os outros
rejeitavam completamente: curou um leproso que era rejeitado por todos,
tocando-o com amor, e atendeu ao pedido de centurião romano, gentio, odiado
pelos judeus, em favor de seu servo que
estava enfermo (Mt 8); chamou para fazer parte do seu grupo de discípulos um
cobrador de impostos, pessoa rejeitada e detestada (Mt 8); permitiu que uma
mulher pecadora (adúltera) o tocasse e lhe perdoou os pecados (Lc 7); quebrou a
barreira do preconceito racial e de gênero ao se dirigir a uma mulher
samaritana, fazendo-lhe um pedido e oferecendo-lhe a água da vida – salvação;
visitou a casa de um publicano cobrador de imposto chamado Zaqueu ( Lc 9);
acolheu a mulher adúltera, execrada pela sociedade por ter sido apanhada em adultério,
oferecendo-lhe amor, perdão e oportunidade de uma nova vida (Jo 8); ressuscitou
o filho de uma viúva tocando no caixão, destruindo a barreira do preconceito
cerimonial (Lc 7). Poderíamos citar tantos outros atos do Mestre, nos quais Ele
destrói o obstáculo do preconceito com amor e ternura.
Então,
qual é exatamente a cura para o preconceito? Podemos resumi-la na ordem de
Jesus, quando disse a todos nós: “Amem-se uns aos outros. Como eu os amei,
vocês devem amar-se uns aos outros.” (Jo 13:33) Ele foi capaz de mostrar amor e
compaixão sem rejeitar a pessoa nem concordar com seu pecado. Em todas as suas
ações, Ele amou todos incondicionalmente, mas ordenou que não voltassem ao
pecado. Este é o modelo que devemos viver. Amemos as pessoas sem preconceitos, concedendo-lhes
a oportunidade de ter uma vida plena na presença do Senhor.
Rev.
Liberato Pereira dos Santos
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