Mateus 10: 24-39
Essa
passagem faz parte da mensagem mais ampla de Jesus aos discípulos. Neste ponto,
ele fala sobre o discipulado comprometido em face do conflito. Ele afirmou: “Eu
vim não para trazer paz, mas espada.” Ao falar de espada, referia-se aos
inevitáveis resultados das exigências do discipulado. Sua vinda ao mundo divide
a humanidade em dois grupos: aqueles salvos pela graça, e os que a rejeitam e são
condenados a passar a eternidade no inferno.
Quando
segue Jesus, a pessoa pode esperar conflitos, até mesmo no seio da própria
família. Escolher a lealdade, em primeiro lugar, a qualquer outra pessoa ou
coisa, que não seja a Cristo a desqualifica de ser discípulo de Cristo.
Lealdade é a prática de expurgar tudo o que não faz parte do reino justo de
Deus. Ela realinhará nossos projetos, prioridades e relacionamentos. É como o fruticultor
que poda galhos mortos de suas árvores frutíferas a fim de serem mais úteis. Os
ramos sobreviventes darão frutos ainda mais saborosos.
Ser
discípulo de Cristo não é um convite à glória terrena, mas, sim, um chamado à luta,
ao sacrifício e sofrimento na presença de uma oposição cruel e poderosa. Jesus
nunca nos prometeu a vida fácil ao nos tornarmos seus discípulos. Na verdade,
segui-Lo é uma das coisas mais espinhosas e difíceis que podemos fazer.
Nas
Escrituras, vemos que Israel tornou-se famoso por perseguir os profetas, Jesus
e os seguidores. Se eles foram caçados por sua fé, também enfrentaremos a mesma
situação, hoje do mundo inteiro. Isso é difícil para nós, em nossa realidade, entender
e aceitar, porque não somos explicitamente ridicularizados ou condenados à
morte por causa de nossa fé – se é que não somos. Todavia, olhando para os
nossos irmãos do Oriente Médio e países totalitários, podemos compreender essa
realidade. Veja, por exemplo, as seguintes manchetes: “Perseguição contra os
cristãos aumentou no Sul e Leste Asiáticos.” (g1, por France Presse);
Perseguição: onde os cristãos são vítimas de opressão e violência - José Li,
Frederick, Samuel e Neemias relatam a violência sofrida; cristianismo corre
risco em parte do Oriente Médio e enfrenta governos extremistas na Ásia. (Veja,
por Júlia Braun).
A
situação começa a apertar o cerco também em nosso país, onde se diz haver
liberdade. A maioria atual dos professores hesita em dizer algo positivo sobre
o cristianismo. A indústria do entretenimento e a mídia retratam o cristianismo
sob perspectiva negativa e procuram minar os valores cristãos por meio de
exemplos negativos. Histórias sobre as boas obras da igreja raramente são notícias,
mas os seus erros e falhas são relatados em excesso visando ao seu
enfraquecimento. Estamos aproximando-nos do dia, em que os cristãos, em nosso
país, descobrirão de imediato sobre os perigos e escolhas difíceis dos quais
Jesus está falando. Isso não significa que devamos provocar perseguição ou
buscar o martírio. Eles virão naturalmente, quando expomos o mal, desafiamos os
poderes, exigimos mudanças ou minamos o status quo. Quando fizermos aquilo que
Cristo nos pede, inevitavelmente seremos perseguidos. Dizer ao mundo que deram
nomes respeitáveis ao pecado e precisam de um salvador, expondo a sua natureza
pecaminosa, sofremos as retaliações. Se formos perseguidos, devemos aceitar,
porque Deus nos dará a força de precisaremos para suportar. Se perdermos nossas
vidas pelos planos de Deus, então elas terão significado.
Não
devemos temer o poder de nossos oponentes. Eles podem matar nossos corpos
físicos, que morrerão de qualquer maneira, mas não podem matar nossas almas. Só
Deus tem o poder de matar as almas. Devemos temer a Deus, Ele terá a eternidade
para corrigir os erros que as pessoas cometem. Os malfeitores serão punidos por
toda a eternidade.
Aqueles
que temem a Deus não precisam temer ninguém ou qualquer outra coisa. Na
verdade, somos ensinados a não ter medo da perseguição por causa de nossa fé.
Devemos sim, ter receio do que ocorrerá, caso não obedeçamos às instruções de
Cristo. Não se amedrontar em proclamar os ensinamentos de Jesus, mas pregá-los
e vivê-los com ousadia e amor, certos de que a bondade e o amor do Senhor nos
acompanharão. Ele governa sobre cada detalhe da vida e se importa com tudo o
que criou, até mesmo com um pequeno pardal. Em nosso texto, essa ave se tornou símbolo
de algo irrelevante. Se Deus preocupa-se com algo de pouco valor, certamente atentará
muito mais para seus filhos, especialmente se forem discípulos do Seu Filho
amado. Porque Deus se envolve conosco, Ele nos é leal e espera que lhe tenhamos
a mesma lealdade. Se formos fiéis a Cristo, Ele nos reconhecerá no Céu, caso
contrário, Ele nos negará na presença do Pai.
Portanto,
o foco de nosso discipulado está em nosso relacionamento com Jesus. Para sermos
dignos de Cristo, devemos colocá-Lo em primeiro lugar em todas as coisas, inclusive
as familiares. Devemos tomar nossa cruz e nos identificar com Ele. Considerar a
sua primazia em tudo, em vez de preservar totalmente nosso próprio estilo de
vida.
Encontrar a satisfação
egoísta da vida significa perder a vida e perder sua maior realização, mas
perder nossos próprios interesses por amor a Cristo é encontrar a verdadeira
vida. Quando as tempestades da vida vierem, incluindo a perseguição e
sofrimento por causa de Cristo, mantenhamos a nossa esperança, apegando-nos
firmemente à fé nas promessas do nosso divino Mestre.
Rev. Liberato Pereira
dos Santos
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