sábado, 3 de agosto de 2024

POR QUE DEVO DESABAFAR? 04.08.2024

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Lamentações 2:19

O desabafo é algo que encontramos com frequência nas Sagradas Escrituras. Por meio dele podemos derramar nossa alma perante o Senhor, extravasando nossas mágoas, ressentimentos, tristezas, queixumes, inquietações, medo, indignação, ansiedade, revolta e tantos outros sentimentos que azedam a nossa vida. Ele não é pecado, quando o que nos motiva é a proximidade de Deus, a intimidade com Ele, a certeza do seu amor, providência e recursos. Diferentemente, na murmuração não falamos com Deus, mas contra Ele, enfrentamo-lo com desaforos, colocando-O no banco dos réus.

Na vida, encaramos inúmeros problemas, que, se não colocados para fora, podem gerar ansiedade e outros distúrbios. As situações mais graves levam o indivíduo ao álcool, às drogas, e, em muitos casos, ao suicídio. Podem, ainda, causar doenças emocionais e mentais, bem como as psicossomáticas. Como bem diz o Psiquiatra Henrique Figueira: “quando engolimos sapos, chega uma hora em que o organismo não suporta mais a tensão e estoura através das doenças.”

 Assim, o desabafo é algo imprescindível à saúde emocional, espiritual e física. Carlos Garrido, psicanalista, afirma que “um dos remédios para prevenir as doenças do coração é o desabafo.” E declara ainda: “perigoso não é o que se fala, mas sim o que se deixa de falar.” Na sua compreensão, aquilo que não externamos torna-se um veneno que certamente fluirá de alguma maneira por meio de distúrbios como diarreia, impotência, e até mesmo infarto.

O grande impasse é: Com quem devemos desabafar? Não é gritar para as paredes e quebrar tudo que se ver pela frente, mas é fundamental que tenhamos ouvidos para nos ouvir. Pode ser com seu cônjuge ou por pessoas ligadas pelo amor, carne, convivência, que temam ao Senhor. Como nos orienta o apóstolo Paulo na carta aos Gálatas: “Partilhem as dificuldades e problemas uns dos outros, obedecendo dessa forma à ordem do nosso Senhor.” (Gl 6.2) São pessoas com as quais podemos contar as nossas lutas e inquietações. Porém há situações em que se torna necessário um conselheiro idôneo capacitado, que pode ser um pastor, psicólogo, psicoterapeuta ou psiquiatra tementes a Deus. São pessoas preparadas que poderão, com ferramentas apropriadas, ajudar nas dificuldades.

Quero incentivá-lo ao desabafo espiritual, que podemos realizar por meio da oração, sem sombra de dúvida, a forma mais segura de todas. Certamente, você necessitará de que exerça certo grau de confiança em Deus, depositando nEle toda a sua fé. Como fez Davi, quando se encontrava na caverna, perseguido por Saul: “Em alta voz clamo ao Senhor; elevo a minha voz ao Senhor, suplicando misericórdia. Derramo diante dele o meu lamento; a ele apresento a minha angústia.” (Sl 142:1-2) De maneira firme e corajosa, você apresenta a Deus seus problemas, sejam quais forem.

Assim como Davi, tantos outros servos de Deus se derramaram perante o Senhor, apresentando suas angústias e necessidades. Podemos lembrar Jeremias, que foi habilidoso na arte do desabafo, pois constantemente apresentava ao Senhor as suas decepções. Ele nos recomenda: “Levante-se, grite no meio da noite, quando começam as vigílias noturnas; derrame o seu coração como água na presença do Senhor. Levante para ele as mãos em favor da vida de seus filhos, que desmaiam de fome nas esquinas de todas as ruas.” (Lm 2:19) Sua dor foi tremenda, pois chegou a amaldiçoar o dia do seu nascimento e pediu a morte, (Jeremias 20:14-18).

Asafe, o levita, autor de doze salmos, teve uma crise de fé tão séria que seus pés quase resvalaram e por pouco não desviou os passos dos caminhos do Senhor (Sl 73:2), o que o retirou dessa horrenda e perigosa crise foi a prática do desabafo. Enquanto abria o coração expondo a Deus sua indignação e dúvida, no santuário de Deus, pode enxergar coisas que ainda não tinha visto antes e, assim, recobrou a sua confiança em Deus.

Como não se lembrar de Ló, um homem que aos olhos de Deus era justo, mas diante das catástrofes, que desabaram na vida, rasgou a alma perante o Senhor. Semelhante a Jeremias, amaldiçoou o próprio nascimento (Jó 3:1-26). Ele desejou morrer para deixar de sofrer, por isso fez muitas perguntas em seu desabafo. Ele conhecia e praticava a arte do desabafo. “Não reprimirei a boca, falarei na angústia do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma.” (Jó 7:11) Não tenho dúvida, esse exercício foi o que ajudou Jó a sobreviver, pois Deus não o deixou sem resposta.

Jesus Cristo, o Verbo encarnado, derramou a alma no seu desabafo aos três discípulos mais próximos dele (Pedro, Tiago e João), quando revelou sua dor: “Disse-lhes então: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo". (Mt 26:38)

Ante desses exemplos, não perca a oportunidade de retirar os sentimentos ruins do coração por meio do desabafo. Pode ser que você venha a dizer coisas desconexas e absurdas, mas é melhor proferi-las do que armazenar e multiplicar absurdos em sua mente. Deus não se ofende, quando ouve essas coisas, nem pune a quem se apresenta diante dEle para se derramar, chorar e queixar-se de suas adversidades, para assistir em nossa fraqueza, dá-nos o Espírito Santo, que, em virtude de não sabermos orar como convém, “intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).    Nos momentos de dores e angústias, Elias, Jonas, Jeremias e outros servos desejaram a morte, no entanto Deus tratou a todos eles com acentuada compreensão. Procurar alguém para ouvi-lo é muito importante para seu bem-estar emocional, física e espiritual. Ademais, não se esqueça de que o Senhor estará sempre pronto para escutá-lo (Sl 86.7 e 120.1).

Rev. Liberato Pereira dos Santos



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