João 1:1-14
A encarnação do Verbo é um dos pilares
mais profundos da fé cristã. O evangelista João faz a impressionante declaração:
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós". Esta afirmação,
simples na aparência, mas profundo em significado, revela a ação mais gloriosa
de Deus: Ele se fez carne e habitou entre os homens. Ao refletirmos sobre
esse fato, somos convidados a contemplar não apenas o mistério da divindade de
Cristo, mas também o Seu amor imenso pela humanidade.
Sua materialização pode ser comparada ao ato
de um rei descer do trono para viver com os seus súditos, não em palácio de
luxo, mas na pobreza e humildade. Assim, Deus, infinitamente superior ao ser
humano, desceu ao nosso nível para nos resgatar.
Vamos explorar o capítulo primeiro
do evangelho de João, destacando a profundidade dessa revelação.
O Verbo Eternamente Existente –
V.v 1-2 - "No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio
com Deus." A palavra
"Verbo" (do grego "λόγος", logos) tem um significado
profundo na filosofia grega, mas, na teologia cristã, representa o próprio
Cristo, a Palavra de Deus viva e pessoal. "Logos" é a expressão
completa de Deus, a comunicação perfeita da Sua mente e vontade. O fato de ser
"com Deus" e "era Deus" destaca a coigualdade e
coeternidade de Jesus e o Pai.
Esses versículos nos ensinam que
Cristo não é apenas uma figura histórica, mas a manifestação eterna de Deus. O
"Verbo" sempre existiu e, portanto, toda a criação e história estão
ligadas a Ele. Nossa vida deve ser dirigida por essa Palavra eterna. Como bem
afirma Charles Spurgeon: “Jesus é a Palavra de Deus. Não é só uma palavra
falada, mas uma palavra viva, uma palavra de carne e osso.”
A Vida no Verbo – V.v 3-4 - A
palavra "vida" aqui (do grego zoe) não se refere apenas à existência
física, mas à vida eterna, à vida abundante, que emana de Deus. Essa vida se
torna "luz", uma iluminação espiritual para aqueles que a recebem.
A vida de Cristo é como a luz do sol:
Ela ilumina e sustenta toda a criação. Sem a luz, o mundo estaria em trevas,
assim como sem Cristo, a humanidade viveria em completa ignorância espiritual. Billy
Graham declarou: “Jesus não apenas traz a luz. Ele é a luz.”
Se Cristo é a nossa luz, nossa missão é
refletir essa luz no mundo. Assim como a luz dissipa as trevas, devemos
permitir que a presença de Cristo em nossas vidas afaste as trevas do pecado e
da ignorância.
O Testemunho de João e a
Revelação do Verbo – V.v 6-9 - João, o Batista, é chamado de
"testemunha", e sua missão era apontar para Cristo, a
"verdadeira luz". A palavra "testificar" aqui denota o
papel de João como alguém que garante a verdade, não apenas como observador,
mas como proclamador da verdade divina. Se Cristo é a luz, João é como o farol
que aponta para ela. Ele não é a luz em si, mas sua missão é dirigir as pessoas
à verdadeira luz. Assim, os cristãos são chamados a ser "faróis" para
o mundo, refletindo a luz de Cristo.
Nosso papel como cristãos é semelhante
ao de João: não somos a luz, mas somos chamados a apontar para ela. Seja em
nossas palavras, ações e atitudes, devemos refletir Cristo para que outros
possam vê-Lo. Como falou John Wesley: “A luz de Cristo nunca é apenas para nós;
ela nos chama a reproduzi-la para o mundo.”
A Rejeição do Verbo pelos Seus – V.v 10-11 - A palavra "conhecer"
aqui não se refere a uma simples percepção intelectual, mas a um conhecimento
profundo e relacional. Mesmo tendo criado o mundo, o Verbo foi rejeitado pela humanidade
e especialmente pelo Seu próprio povo, os judeus.
Não podemos cair na armadilha de
rejeitar a Palavra de Deus em nossas vidas. Quando resistimos à Sua voz ou
ignoramos Seus ensinamentos, estamos participando dessa mesma rejeição. Devemos
sempre abrir nossos corações à Sua mensagem.
A Recepção do Verbo pelos que
Crêem – V.v 12-13 - O verbo "receber" aqui implica acolher com fé
e gratidão, enquanto "poder" refere-se ao direito legal de se tornar
filho de Deus. O novo nascimento é uma obra sobrenatural de Deus, não algo que
possa ser alcançado pela descendência ou ação humana. Receber o Verbo é como
aceitar um presente precioso, que muda a nossa identidade. Não importa nossa
linhagem ou feitos, mas nossa disposição em crer e receber o Filho de Deus.
Receber Cristo não é apenas uma ação
inicial, mas uma transformação contínua. Quando recebemos o Verbo, somos
mudados de dentro para fora, e nossa nova identidade como filhos de Deus nos dá
uma nova perspectiva de vida.
A encarnação do Verbo - v.14. Quando João declara que Ele
"habitou”, significa “tabernaculou”, o que traz à mente a ideia de Deus
morando entre Seu povo, como fez na tenda no Antigo Testamento. Jesus não veio
apenas para ensinar, mas para habitar conosco de maneira visceral,
compartilhando nossa humanidade. Sua encarnação é como um príncipe que, por
amor aos seus súditos, vive com eles, sente suas dificuldades, e compartilha de
suas dores. Ele não apenas se aproxima, mas assume a nossa condição.
Levando em consideração essa análise, a
materialização do verbo é um mistério profundo, mas também uma verdade
essencial, que molda nossa identidade cristã. Jesus, o Verbo eterno, se fez
carne e habitou entre nós, revelando a glória de Deus de maneira pessoal e
acessível. Ele veio para revelar a verdade, para ser a luz e trazer a vida aos
que creem. Que possamos, como discípulos de Cristo, viver essa realidade,
permitindo que a Palavra encarnada transforme nossa vida, missão e
relacionamento com Deus e os outros.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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