2 Coríntios 4:16-18
A enfermidade representa uma das
experiências mais desafiadoras da existência humana. Quer seja em nosso corpo
ou no de um ente querido, o sofrimento físico pode comprometer nossa
resistência e fazer com que a esperança se torne uma possibilidade remota.
Entretanto, a Palavra de Deus nos garante que, mesmo quando a dor se revela
insuportável, nossa esperança não se baseia no que é visível, mas no que é
invisível — nas promessas eternas de Deus, que nos revitalizam e nos fortalecem
espiritualmente.
No texto mencionado, o apóstolo Paulo
apresenta uma visão transformadora acerca do sofrimento. Ele observa a
vulnerabilidade do corpo, porém, também indica uma realidade mais
significativa: a transformação interna e a glória eterna que aguardam aqueles que
estão em Cristo. Considerando essa realidade, examinemos de que maneira essa
esperança pode nos sustentar durante a doença, possibilitando que percamos a
visão além das condições temporárias.
A Realidade da Doença – V.16a. Paulo inicia sua afirmação com as
palavras: "Apesar de estarmos, exteriormente, a perecer...". Tal
afirmação admite uma realidade inegável: o corpo humano é vulnerável e está
suscetível ao desgaste. O termo grego empregado para "perecer"
(apollymetha) sugere um processo incessante de deterioração, evidenciando que a
doença e a morte resultam da queda.
É possível estabelecer uma analogia
entre o corpo humano e um vaso de cerâmica — robusto, porém vulnerável a
fissuras e danos ao longo do tempo. Entretanto, conforme salientou Charles
Spurgeon, "A dor é a disciplina que Deus usa para nos preparar para algo
maior." A doença, por mais desafiadora que se apresente, não representa o
término de nossa trajetória. Paulo evidencia em Romanos 8:18 que os sofrimentos
presentes são irrelevantes quando comparados à glória vindoura que nos será
manifestada.
A Renovação Interior – V.16. Em oposição ao deterioramento físico,
Paulo afirma: "Estamos sendo renovados interiormente dia após dia." O
termo "renovados" (anakainizesthai) refere-se a um processo
incessante de restauração espiritual, realizado pelo Espírito Santo. Conforme o
corpo se debilita, o espírito é reenergizado pela benevolência divina.
Os dois verbos constantes no versículo
(corromper e renovar) encontram-se no tempo presente, indicando um processo que
permanece contínuo. Conforme o corpo perde vigor, o espírito adquire robustez.
Enquanto um seguia em direção ao fim, o outro caminhava rumo à verdadeira vida.
William Barclay afirma que "os mesmos sofrimentos que podem enfraquecer o
corpo do homem, robustecem as fibras de sua alma."
Visualize um jardim após ter sido
submetido a uma poda severa. Inicialmente, aparenta estar arrasado, entretanto,
logo brota com maior beleza e vigor. Da mesma maneira, John Wesley declarou:
"A enfermidade não pode roubar de nós a nossa maior riqueza: a presença de
Deus, que é a nossa verdadeira cura." Até mesmo diante do sofrimento, é
possível vivenciar a renovação que brota da comunhão com o Senhor. Isaías 40:31
valida essa afirmação: "Os que depositam sua confiança no Senhor terão
suas forças renovadas."
A Perspectiva Eterna. V.17. Paulo, em seguida, realiza uma
afirmação impressionante: "Os nossos sofrimentos, embora leves e
temporários, estão gerando para nós uma glória eterna..." A expressão
"glória" (doxa) designa o esplendor e a honra que nos aguardam na eternidade.
Apesar de a dor parecer opressiva neste momento, ela está promovendo em nós um
peso de glória eterno.
Assemelha-se a um atleta que tolera
treinamentos intensos com o intuito de conquistar uma vitória mais
significativa. Billy Graham afirmou em uma ocasião: "O sofrimento presente
é o preço do tesouro eterno que Deus nos reserva." Nossa doença, por mais
desafiadora que seja, não ocorre sem propósito — ela nos habilita para um
futuro que a percepção humana ainda não consegue vislumbrar.
Concentrando a Atenção no Intangível – V.18. Por último, Paulo nos admoesta:
"Concentramos nossos olhares não no que é visível, mas no que é
invisível..." O verbo "fixar" (skopein) assume a ideia de um
olhar deliberado e focado, assemelhando-se à ação de um navegante que se orienta
pelas estrelas. A esperança cristã fundamenta-se não no que é perceptível, mas
nas promessas intangíveis de Deus.
Dietrich Bonhoeffer afirmou: "A
esperança cristã é uma perspectiva do futuro que transforma a forma como
existimos no presente." Ao enfrentarmos a doença, somos instados a
contemplar além das situações e confiar naquilo que Deus está preparando.
Dessa forma, a doença pode nos fazer
experimentar a fragilidade, contudo, a nossa esperança reside não na potência
física, mas na fidelidade divina. À medida que o exterior se deteriora, o
interior é revitalizado diariamente. A aflição temporária gera uma glória
perene que transcende qualquer sofrimento. Que, assim como Paulo, consigamos
direcionar nossa atenção não ao que é passageiro, mas ao que é perene. A dor
pode ser verídica, entretanto, a glória que nos aguarda é incomensuravelmente
superior.
Rev.
Liberato Pereira dos Santos
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