Lucas 9.23
Viver em uma era de rápidas
transformações e diversidade de pontos de vista obriga o cristão genuíno a
ponderar sobre o que realmente significa "seguir a Jesus". Em uma
nação com mais de 47,4 milhões de indivíduos classificados como evangélicos
(segundo o Censo do IBGE de 2022), surge a questão: quantos realmente trilham
um caminho diário e profundo com Cristo? Existe um escritor chamado Thomas
Kempis, que viveu no passado (entre 1380 e 1471), que afirmou: "Jesus
sempre possui muitos seguidores que amam seu Reino celestial, mas poucos que
levam sua cruz."
Seguir a Cristo, como ele mesmo ensinou
em Lucas 9.23, exige renúncia constante. Negar-se a si mesmo e tomar a cruz,
dia após dia, não é um convite a uma vida cômoda, mas a um compromisso de
sacrificar orgulho e ambições pessoais em favor do reino de Deus. As palavras
de Jesus ganham ainda mais peso quando lembramos que carregar a cruz, na
cultura judaica, era sinal de morte certa. Para nós, isso significa permitir
que a prática da fé ultrapasse o momento do culto comunitário e alcance cada
aspecto de nossa existência, mesmo quando enfrentamos oposição ou perseguição
(João 15.18-20; 2 Timóteo 3.12).
Para tornar real essa jornada com
Cristo, quatro trocas essenciais são sugeridas pelas Sagradas Escrituras:
A primeira é trocar o passageiro
pelo eterno: ao invés de focarmos nossas energias em preocupações imediatas -
como finanças, status ou ansiedade pelo futuro -, devemos buscar "primeiro
o reino de Deus" (Lucas 12.31). Em Colossenses 3.1, Paulo enfatiza essa
orientação, nos encorajando a direcionar nossas mentes "para as coisas do
alto", onde Cristo habita. Ao focarmos no eterno, as outras necessidades
adquirem perspectiva e nossa mente se desprende da inquietação, conforme John
Piper declara: "Deus é mais exaltado em nós quando estamos mais contentes
com ele." Portanto, a genuína glória de Deus se manifesta em nossa
existência quando encontramos em Cristo a satisfação máxima e duradoura, indo
além das inquietações e prazeres efêmeros deste mundo.
A segunda mudança requer trocar religiosidade
por intimidade. Jesus foi implacável ao denunciar a fé de aparências dos
fariseus, que o louvavam com os lábios, mas cujo coração estava distante
(Mateus 15.7-8). Ir à igreja apenas por obrigação, repetir frases de memória ou
cumprir rituais não gera transformação. É preciso mergulhar na Palavra,
cultivar uma vida de oração autêntica e permitir que o Espírito Santo revele
verdades profundas ao nosso coração. Só assim evitamos a armadilha de uma
espiritualidade vazia, capaz de produzir milagres e discursos eloquentes, mas
incapaz de gerar fruto real (Mateus 7.21-23).
Em terceiro lugar, somos convidados
a trocar o bem-estar pelo desconforto do serviço genuíno. Em 1 Pedro 4.10,
vemos que cada cristão recebeu um dom para servir aos outros e, assim,
manifestar a multiforme graça de Deus. Recusar-se a participar ativamente na
comunidade, alegando falta de tempo ou de habilidade, é ignorar os dons
concedidos por Deus a cada um de nós. Colocar a mão na massa, auxiliar no
acolhimento de visitantes, ensinar crianças ou apoiar projetos sociais — tudo
isso é parte do caminhar com Jesus e dos sacrifícios que moldam nosso caráter
cristão.
Por fim, precisamos trocar a
desorientação pela direção do Espírito Santo. O mundo oferece inúmeros guias e
padrões mutáveis, mas somente o Espírito da Verdade nos conduz “a toda a
verdade” (João 16.13). Tolstói observou que somos, por natureza, contraditos
entre aquilo que sabemos ser certo e nossas ações diárias. A solução não está
em esforço humano isolado, mas em depender do Espírito que habita em nós,
orientando cada decisão — na família, no trabalho e na esfera pública — segundo
o propósito de Deus.
Essa jornada, porém, não se sustenta
em nossa própria força. Jesus nos lembra em João 15.5 que, sem ele, nada
podemos fazer. A verdadeira caminhada com Cristo é, antes de tudo, um exercício
permanente de dependência. Quando vivemos assim, todas as trocas propostas — do
passageiro pelo eterno, da religiosidade pela intimidade, do bem-estar pelo
serviço e da desorientação pela direção divina — tornam-se possíveis.
Sendo assim, é fundamental
reconhecermos o que tem emperrado o nosso andar com Jesus e a darmos, hoje
mesmo, o primeiro passo de transformação: oração sincera, estudo da Escritura,
compromisso de servir e entrega total ao Espírito. Assim, nossa vida se tornará
um testemunho vivo de um caminhar autêntico com o Senhor.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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