PROVOCANDO NÁUSEAS EM CRISTO
Em
Apocalipse 3.14-22, é curioso percebermos o Cristo Glorificado sentindo
tontura, enjôo ou ânsia de vômito. A carta, endereçada ao pastor da Igreja de
Laodicéia, quer mostrar-nos, na verdade, o sentimento intenso no coração de
Jesus ao ver atitudes pecaminosas inaceitáveis no seio de Sua Igreja, as quais
provocam ânsias de repugnância, aversão e repulsa da parte daquele que é o Amém
(Is 65:16), a testemunha fiel e verdadeira e o princípio da criação de Deus
(Ap3:14). É lamentável, quando achamos que nossos pensamentos e comportamentos
ocultos passam despercebidos aos olhos de Deus, na presunção de que Ele faz
“vista grossa” à sujeira, que jogamos para baixo do tapete. Sonegamos impostos,
mentimos, dissimulamos, nossos relacionamentos são cheios de impureza, matamos
o irmão no coração, nossa língua desanda
a falar mal de todo mundo, sobretudo daqueles que nos ofenderam, temos
pensamentos carregados de desvios, taras, sensualidade e nossas olhadelas cobiçam a distância, no
entanto, exibimos uma máscara religiosa “perfeita”, mas aos olhos de Deus não
passa de uma carranca tosca ou de uma maquiagem borrada e escorregadiça. Na
prática, a realidade é outra.
Diante
do alcance inescapável da vista daquele, cujos olhos são como chamas de fogo
(Ap1:14), nada pode deixar de ser notado pela varredura do scanner do olhar de
Deus, que vê o pecado e tanta hipocrisia alastrando-se nos bastidores de Sua
Igreja. E para essa igreja Jesus diz: “Conheço as tuas obras” (Ap3:15),
endossando as palavras do profeta: “Ai dos que escondem profundamente o seu
propósito do Senhor, e as suas próprias obras fazem às escuras e dizem: Quem
nos vê? Quem nos conhece? Que perversidade a vossa! Como se o oleiro fosse
igual ao barro, e a obra dissesse ao seu artífice: Ele não me fez; e a coisa
feita dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe” (Is29:15,16). É exatamente esse
perfeito conhecimento de Deus a respeito de nós mesmos e de Sua Igreja,
sondando nossas obras, nossos pensamentos doentios, nossos desejos megalomaníacos,
pecados encobertos e uma religião morna, que leva o Senhor da Criação a sentir
reviravoltas em Seu estômago divino, por nossa causa, por nossa tentativa de
enganar pelo simulacro de apresentarmos uma religião de protagonistas
hipócritas.
Os crentes da Igreja
de Laodicéia eram crentes mornos. Nem frios nem quentes, nem tanto de Cristo
nem tanto do mundo. Virtudes como zelo, calor, fogo e paixão por Deus não se
achavam facilmente naquela Igreja. Ao contrário, o que Jesus viu foi mornidão
espiritual, ausência de vigor, conivência com o pecado, auto-suficiência,
indiferença e uma fé anêmica, embora,
possivelmente, ela tivesse um conceito elevado de si mesma. No texto, Jesus nos
adverte sobre o grande perigo de termos uma vida dúbia, e em outra ocasião exorta
sobre a frouxidão moral e o perigo de tentarmos agradar a dois senhores ao
mesmo tempo (Mt 6:24). Fazer isso é impossível.
Jesus sente náuseas
quando a Igreja cultiva uma falsa identidade baseada no orgulho pretensioso:
“Sou rico e abastado, não preciso de coisa alguma” (Ap3:17). Essa Igreja foi
envenenada pelo pecado do orgulho espiritual e, por causa disso, acabou por
colocar Jesus do lado de fora (Ap 3:20). Todo dinamismo, poder temporal,
empenho humano e toda obra super bem feita daquela Igreja eram, na realidade,
uma grande ofensa diante de Deus. Além disso, essa Igreja declarava sua total
independência espiritual, apesar de se considerar uma igreja cristã (v17). Uma
Igreja que se acomodou ao padrão mundano da cidade, em vez de aproveitar a cultura
como uma oportunidade de ouro para infiltrar os valores do Reino e operar
mudanças profundas através da mensagem transforma dora
do Evangelho de Cristo. Todavia a
repreensão de Jesus aos mornos laodicenses manifesta, por outro lado, uma
profunda compaixão e interesse real por seu povo, quando diz; “Eu repreendo e
disciplino a quantos amo” (Ap3:19). Ele convida a Igreja que O empurrou para
fora a se arrepender sinceramente (Ap3:19) e deixá-lo tomar parte ativa na sua
vida. E mais: Ele tem tudo aquilo de que realmente precisamos como Igreja para
viver uma vida de plenitude espiritual e grato contentamento: verdadeira
riqueza, vestes finas que aquecem (Is 61:3,10), e unguento terapêutico para
a limpeza e purificação dos olhos do
coração (Ef 1:18; Ap 3:18).
Finalmente, ouçamos o
clamor desse Noivo Amoroso que anseia por uma comunhão íntima com Sua Igreja,
muito mais do que trabalho ativista, obras grandiosas e super produções: “Eis
que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei
em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (Ap3:20).
Que
o Senhor tenha misericórdia de nós, e nos ajude a sermos santos e
irrepreensíveis diante de sua santa presença.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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