Lucas 6: 27-36
De todas as coisas que
Jesus ordenou, amar os inimigos é talvez uma das mais difíceis. Podemos não
amar a Deus como deveríamos, mas estamos dispostos a fazer. Podemos não amar nosso
próximo como precisamos, mas não tenho nada contra tentar. Mas, amar os
inimigos? Claro que temos dificuldades em amá-los, afinal são nossos inimigos!
Se os amamos, não serão mais nossos inimigos, não é? Eles nos machucam, falam
mal de nós, ameaçam nossos valores, finanças, trabalho e até a vida.
Sujeitam-nos à crueldade emocional, até mesmo em alguns casos, causam-nos danos
físicos. Podemos dizer: não quero amar essas pessoas. Ainda assim, Jesus diz: “Amai
os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam...”. Cabe ressaltar que Jesus
não estava falando de ter afeição pelos inimigos, e sim desejar-lhes o bem.
Esse tipo de amor exige esforço consciente. Amar os inimigos não significa agir
a favor do interesse deles. Podemos orar, pedindo a Deus que os leve ao
arrependimento de seus pecados, a fim de serem salvos. Jesus amou a humanidade
inteira, embora esta se tivesse rebelado contra Deus. Ele nos pede
que sigamos o seu exemplo e amarmos os inimigos e nos dá três razões
para isso:
Grande será a nossa recompensa – v.35 – Uma
promessa do próprio Jesus: Se você O honrar o suficiente para fazer as coisas
difíceis da vida, Ele o recompensará de maneira adequada.
Atos
dos Apóstolos nos conta a história da morte de Estevão, o primeiro mártir da
fé. Enquanto ele morria apedrejado, somos informados de que suas últimas
palavras foram: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo.” O que
Jesus está fazendo durante essa crueldade tamanha? Estevão nos responde: “Vejo
o céu aberto e o Filho do Homem em pé à direita de Deus” (At 7:56.
Hebreus 1:3 nos fala que, quando Jesus subiu ao
céu, “sentou-se à direita de Deus Pai.” Conhecendo o desejo de Estevão de
perdoar seus inimigos, mesmo enquanto eles o matavam, Jesus estava de pé
aguardando-o. Penso que tal atitude de Cristo é semelhante ao momento em que as
pessoas estão num evento, na presença do homenageado. Um sinal de respeito e
honra. Jesus, sabendo que seu discípulo estava determinado a perdoar seus
assassinos, aproveitou a oportunidade para mostrar-lhe e a nós que esse é o
tipo de atitude que Ele honra.
Seremos
filhos do Altíssimo – v.35 – Agora se não somos filhos do Altíssimo, de quem
seriamos? O ódio é um instrumento de Satanás. Paulo nos aconselha em Romanos
12:21: "Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem." A
razão pela qual isso é tão crucial é que a amargura e o ódio nos podem invadir e destruir nossas vidas.
Leonardo
Da Vinci certa vez teve uma terrível desavença com um colega artista pouco
antes de começar a pintar a “Última Ceia”. Conta a história que ele decidiu
pintar seu inimigo como Judas. Era uma semelhança perfeita. E deixou a imagem
de Jesus por último. Quando começou a pintá-Lo, por mais que tentasse, nada
parecia agradá-lo. Finalmente, ele percebeu que não podia pintar o retrato de
Jesus, enquanto seu inimigo tivesse sido pintado no lugar de Judas. Quando
corrigiu isso, o rosto de Jesus veio facilmente. De fato, não podemos refletir
o rosto de Jesus em nossas vidas, enquanto tivermos sentimentos malignos em
nossos corações. Se somos filhos do Altíssimo, devemos amar aqueles que nos
odeiam.
Seremos
semelhantes ao nosso Pai – v.36. Essa parte de Sua personalidade não parece
fazer sentido. Ser gentil, amar os ingratos e inimigos, por que Deus quer que
os tratemos assim? Pedro nos responde em sua segunda epístola: “... não quer
que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.” (II Pd 3: 9-10)
Porque são os ímpios e ingratos que precisam de salvação. Você pode imaginar
alguém que precisa de salvação mais do que seu inimigo?
Em
Efésios 5:1, Paulo nos exorta: “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos
amados.” Se você reconhece Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor pessoal,
então você é um filho de Deus, assim como nossos filhos nos imitam, devemos
tornar-nos imitadores de nosso Pai Celestial. Devemos refletir Sua imagem, Suas
ações e Sua voz. Estando sempre dispostos a fazer as coisas que Ele faz, e agir
da maneira como Ele agiria.
Como Deus trata os
pecadores? O sacrifício de Cristo na cruz do Calvário pelos pecadores e pelos
“inimigos” revela e prova o grande amor de Deus, é o que o apóstolo Paulo nos revela
em Romanos 5:8 “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” Se somos filhos de Deus,
devemos viver uma vida, ou andar de uma maneira, que demonstre Seu amor. Um
amor de entrega pura, que não pede nada em troca, pois foi assim que Ele nos
amou, quando nós ainda éramos seus inimigos deu seu único Filho para morrer em
nosso lugar, “...Pois Ele é benigno até para com os ingratos e maus.” (Lc
27:35).
Sabemos que não é fácil
amar aqueles que nos aborrecem e tramam o mal contra nós, porém, se somos
discípulos de Jesus, devemos fazer
aquilo que Ele nos ordenou: Amar o inimigo, fazer o bem sem esperar nenhuma
paga, ser misericordioso, não julgar as pessoas
nem as condenar, perdoar àqueles que nos afrontam. Assim procedendo,
revelaremos que somos filhos do Altíssimo, dispostos a imitá-lo, e certamente
seremos recompensados pela nossa fidelidade.
Rev. Liberato Pereira
dos Santos
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