sábado, 16 de setembro de 2023

JESUS E O SEU DISCIPULADO 17.09.2023

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Mateus 13:1-17

            No mundo antigo, o discipulado era um fenômeno comum. Envolvia principalmente o compromisso do indivíduo com um grande mestre ou líder. Jesus utilizou dessa prática usual e a aplicou como expressão de seu próprio tipo de relacionamento com os Seus seguidores. Ele partiu da opinião corriqueira para sua forma distintiva de discipulado. Assim, sua técnica no assunto era única, singular.

            Os Evangelhos descrevem a relação entre Jesus e os discípulos em tempos, a qual transcende em muito àquelas que eram conhecidas pelos rabinos e seus alunos. A diferença clara é que, a iniciativa sempre vem de Jesus e não do discípulo em procura de um mestre. Uma marca fundamental dos discípulos de Jesus é terem sido escolhidos e chamados por Ele. Nos círculos rabínicos, um aluno escolhia seu próprio mestre e ingressava voluntariamente em sua escola, mas com Cristo a ação de escolha cabia inteiramente a Ele, os seguidores eram chamados pessoalmente para segui-lO. Outra diferença entre as duas formas de discipulado, os discípulos de Cristo não pretendiam tornar-se mestres e, assim, suceder ou superá-lO, mas permaneceriam sempre discípulo (Mt 23:8). Um discípulo de um rabino poderia aspirar em algum momento a tornar-se ainda melhor, se possível, que seu mestre; mas um discípulo de Jesus nunca poderá esperar que ele próprio consiga ser o “Filho do Homem.”

            Outro aspecto que saliento dessa singularidade é quanto à natureza dos discípulos de Jesus. Os rabinos escolhiam apenas os melhores, os cerimonialmente limpos, os justos de acordo com a lei e aqueles com inteligência suficiente para estudar a Torá, com o objetivo de se tornarem eles próprios rabinos. Mas Jesus escolheu até pessoas comuns como: pescadores e pecadores, como cobradores de impostos. Cristo rompeu as barreiras que separavam o limpo e o impuro, o pecador e o obediente. Ele chama para Si pessoas que não parecem desfrutar das qualificações necessárias para ter comunhão com Ele. Nos evangelhos, o discipulado geralmente começa com Jesus olhando para uma pessoa e convidando-a: “Vem e segue-me” (Mc 1:16-20; 2:14; Jo 1:43; Lc 9:59). Seu chamado era para salvação, para o Reino de Deus, e crer nEle para a vida eterna.

            Quando Jesus chama uma pessoa para segui-lo, tem as seguintes implicações:

            Um apego exclusivo à Sua pessoa. O rabino judeu e o filósofo esperavam que os seus discípulos se comprometessem com um ensinamento específico ou com uma causa definida, mas o chamado de Jesus era totalmente pessoal. Seus discípulos deveriam seguí-lO. Eles deveriam ter fé nEle e só poderiam tornar-se um discípulo, arrependendo-se dos pecados e crendo em Sua pessoa. Quando Cristo diz aos seus discípulos: “Segue-me”, está convocando-os para a um relacionamento íntimo com Ele.

Ser discípulo significa estar ligado a Jesus e fazer a vontade de Deus (Mt 12:46-50; Mc 3:31-35). O chamado ao discipulado é para obedecer à vontade de Deus, assim como Jesus obedeceu ao Pai. Cristo convoca os discípulos à obediência incondicional durante toda a vida. Os alunos do rabino se submeteriam ao seu mestre apenas por um período. Depois de terminarem os estudos e se tornarem rabinos, não eram mais obrigados a obedecer ao seu mestre. Mas os seguidores de Jesus são ordenados à obediência incondicional a Ele por toda a sua vida. Não há verdadeiro discipulado sem obediência. A crença interior deve ser acompanhada pela obediência exterior. O amor do discípulo por Jesus é comprovado pela submissão aos Seus ensinamentos (Jo 14:15,21,23). Um seguidor de Cristo deve obedecer-lhe deliberadamente em todas as áreas da vida.

            Serviço – Jesus ensina: “Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; ​e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo.” (Mt. 20:26-27). Jesus é o exemplo para os seus discípulos, pois “Ele não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mt 20,28). Ele demonstrou essa atitude de servo quando lavou os pés dos discípulos. Ele os exortou a seguirem Seu exemplo (João 13:1-17). Ser verdadeiro discípulo de Jesus é estar comprometido com o serviço ativo.

            Uma nova vida - Jesus chama os discípulos a uma nova maneira de pensar e agir. Eles devem ter os pensamentos de Deus e não dos homens ( Mc 8:33). Seguir a Cristo implica um desafio sério, para entrar em um relacionamento com Ele, o qual resulta numa visão de mundo totalmente diferente e estilo de vida absolutamente distinto. Significa abandonar os caminhos antigos e pecaminosos e viver de acordo com os padrões de Deus. Esse apelo a perspectiva e estilo de vida novos é expresso mui claramente na sua fala registrada nos capítulos cinco e sete do Evangelista Mateus, denominada “Sermão da Montanha”.

Vida comunitária – Ao responder ao chamado de Cristo ao discipulado, o seguidor é inserido numa comunidade de fé. Jesus chama os discípulos a compartilhar suas vidas com Ele e uns com os outros. Devem abandonar a independência e aprender a interdependência. Participar de tudo, juntos: as alegrias, tristezas, dores e bens. Jesus mostra que os discípulos são a sua família (Mt 12:46-50) e devem praticar as responsabilidades relacionais dentro da comunidade (Mt 18), de forma viva e amorosa. Jesus escolheu os doze homens e conviveu com eles, de forma especial, a fim inserir todos na comunidade trinitária. (Jo 17). Esse desejo e plano de conviver com todos os homens, tornando-os filhos de Deus, por meio do discipulado, é revelado em Mt 28:18-20.

Diante disso, como discípulos de Cristo, devemos fazer progredir uma vida de intimidade com Ele, sob obediência à vontade do Pai, renunciando a nossa maneira fútil de viver e servindo com alegria uns aos outros na vida comunitária.

Rev. Liberato Pereira dos Santos


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