Mateus 13:1-17
No
mundo antigo, o discipulado era um fenômeno comum. Envolvia principalmente o
compromisso do indivíduo com um grande mestre ou líder. Jesus utilizou dessa
prática usual e a aplicou como expressão de seu próprio tipo de relacionamento
com os Seus seguidores. Ele partiu da opinião corriqueira para sua forma
distintiva de discipulado. Assim, sua técnica no assunto era única, singular.
Os
Evangelhos descrevem a relação entre Jesus e os discípulos em tempos, a qual
transcende em muito àquelas que eram conhecidas pelos rabinos e seus alunos. A
diferença clara é que, a iniciativa sempre vem de Jesus e não do discípulo em
procura de um mestre. Uma marca fundamental dos discípulos de Jesus é terem
sido escolhidos e chamados por Ele. Nos círculos rabínicos, um aluno escolhia
seu próprio mestre e ingressava voluntariamente em sua escola, mas com Cristo a
ação de escolha cabia inteiramente a Ele, os seguidores eram chamados
pessoalmente para segui-lO. Outra diferença entre as duas formas de
discipulado, os discípulos de Cristo não pretendiam tornar-se mestres e, assim,
suceder ou superá-lO, mas permaneceriam sempre discípulo (Mt 23:8). Um
discípulo de um rabino poderia aspirar em algum momento a tornar-se ainda
melhor, se possível, que seu mestre; mas um discípulo de Jesus nunca poderá
esperar que ele próprio consiga ser o “Filho do Homem.”
Outro
aspecto que saliento dessa singularidade é quanto à natureza dos discípulos de
Jesus. Os rabinos escolhiam apenas os melhores, os cerimonialmente limpos, os
justos de acordo com a lei e aqueles com inteligência suficiente para estudar a
Torá, com o objetivo de se tornarem eles próprios rabinos. Mas Jesus escolheu
até pessoas comuns como: pescadores e pecadores, como cobradores de impostos.
Cristo rompeu as barreiras que separavam o limpo e o impuro, o pecador e o
obediente. Ele chama para Si pessoas que não parecem desfrutar das
qualificações necessárias para ter comunhão com Ele. Nos evangelhos, o
discipulado geralmente começa com Jesus olhando para uma pessoa e convidando-a:
“Vem e segue-me” (Mc 1:16-20; 2:14; Jo 1:43; Lc 9:59). Seu chamado era para
salvação, para o Reino de Deus, e crer nEle para a vida eterna.
Quando
Jesus chama uma pessoa para segui-lo, tem as seguintes implicações:
Um apego exclusivo à Sua pessoa. O rabino judeu e o
filósofo esperavam que os seus discípulos se comprometessem com um ensinamento
específico ou com uma causa definida, mas o chamado de Jesus era totalmente
pessoal. Seus discípulos deveriam seguí-lO. Eles deveriam ter fé nEle e só
poderiam tornar-se um discípulo, arrependendo-se dos pecados e crendo em Sua
pessoa. Quando Cristo diz aos seus discípulos: “Segue-me”, está convocando-os
para a um relacionamento íntimo com Ele.
Ser discípulo significa
estar ligado a Jesus e fazer a vontade de Deus (Mt 12:46-50; Mc 3:31-35). O
chamado ao discipulado é para obedecer à vontade de Deus, assim como Jesus
obedeceu ao Pai. Cristo convoca os discípulos à obediência incondicional
durante toda a vida. Os alunos do rabino se submeteriam ao seu mestre apenas
por um período. Depois de terminarem os estudos e se tornarem rabinos, não eram
mais obrigados a obedecer ao seu mestre. Mas os seguidores de Jesus são ordenados
à obediência incondicional a Ele por toda a sua vida. Não há verdadeiro
discipulado sem obediência. A crença interior deve ser acompanhada pela
obediência exterior. O amor do discípulo por Jesus é comprovado pela submissão
aos Seus ensinamentos (Jo 14:15,21,23). Um seguidor de Cristo deve obedecer-lhe
deliberadamente em todas as áreas da vida.
Serviço – Jesus ensina: “Não é assim entre vós; pelo
contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;
e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo.” (Mt. 20:26-27).
Jesus é o exemplo para os seus discípulos, pois “Ele não veio para ser servido,
mas para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mt 20,28). Ele demonstrou
essa atitude de servo quando lavou os pés dos discípulos. Ele os exortou a
seguirem Seu exemplo (João 13:1-17). Ser verdadeiro discípulo de Jesus é estar
comprometido com o serviço ativo.
Uma nova vida - Jesus chama os discípulos a uma nova maneira
de pensar e agir. Eles devem ter os pensamentos de Deus e não dos homens ( Mc
8:33). Seguir a Cristo implica um desafio sério, para entrar em um
relacionamento com Ele, o qual resulta numa visão de mundo totalmente diferente
e estilo de vida absolutamente distinto. Significa abandonar os caminhos
antigos e pecaminosos e viver de acordo com os padrões de Deus. Esse apelo a
perspectiva e estilo de vida novos é expresso mui claramente na sua fala
registrada nos capítulos cinco e sete do Evangelista Mateus, denominada “Sermão
da Montanha”.
Vida comunitária – Ao responder ao
chamado de Cristo ao discipulado, o seguidor é inserido numa comunidade de fé. Jesus
chama os discípulos a compartilhar suas vidas com Ele e uns com os outros.
Devem abandonar a independência e aprender a interdependência. Participar de
tudo, juntos: as alegrias, tristezas, dores e bens. Jesus mostra que os
discípulos são a sua família (Mt 12:46-50) e devem praticar as
responsabilidades relacionais dentro da comunidade (Mt 18), de forma viva e
amorosa. Jesus escolheu os doze homens e conviveu com eles, de forma especial, a
fim inserir todos na comunidade trinitária. (Jo 17). Esse desejo e plano de
conviver com todos os homens, tornando-os filhos de Deus, por meio do
discipulado, é revelado em Mt 28:18-20.
Diante disso, como discípulos
de Cristo, devemos fazer progredir uma vida de intimidade com Ele, sob
obediência à vontade do Pai, renunciando a nossa maneira fútil de viver e
servindo com alegria uns aos outros na vida comunitária.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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