Vivemos num tempo em que distrações
e preocupações diárias nos podem desviar da nossa caminhada com Deus. A
negligência espiritual não ocorre de forma repentina, mas gradualmente, à
medida que deixamos de dar atenção ao que é realmente importante para nossa
vida cristã. Muitos cristãos, em algum momento, podem sentir-se afastados da
Palavra, negligenciar a oração e abandonar os fundamentos da fé. É um perigo
real que pode corroer a vida espiritual se não for tratado. Imagine um jardim
abandonado. Mesmo o solo mais fértil, se deixado sem cuidados, se enche de
ervas daninhas. Assim é a vida espiritual negligenciada, o terreno do nosso
coração é invadido pelas distrações e pelo pecado.
A negligência espiritual é o ato de
deixar de lado as disciplinas espirituais e o compromisso com Deus, permitindo
que a apatia espiritual se instale. As Sagradas Escrituras alertam
constantemente sobre o perigo do desvio e do descuido com a fé.
O perigo de desviar-se da Palavra de
Deus — (Hb 2:1-3) “Por
isso, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para
que delas jamais nos desviemos.” O verbo “apegar”, no grego, significa: “estar
atento, aderir com cuidado”, já o verbo “desviar” tem a ideia de “escapar,
deslizar lentamente.” Assim como um barco que não é ancorado se afasta
lentamente, a nossa fé pode escorregar, quando negligenciamos o estudo da
Palavra e a oração.
Moisés, na sua instrução ao jovem Josué,
disse: "Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar
nelas de dia e de noite, para você cumprir fielmente tudo o que nele está
escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido."
(Js 1:8). Não podemos prosperar nas nossas vidas se desprezamos a Palavra de
Deus.
Os sinais de uma vida espiritualmente
negligente — (Apoc
3:15-16) — “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor
seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, nem frio, nem
quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.”
"Morno" refere-se a algo sem
entusiasmo ou convicção. Esse termo demonstra apatia e falta de fervor
espiritual. A mornidão é um sintoma da negligência espiritual, quando a fé se
torna rotineira e sem paixão. Deus deseja corações ardentes, não cristãos
complacentes.
Charles Spurgeon, o príncipe dos
pregadores, afirmou: “Deus quer um coração em fogo, não em chamas moribundas e
mornas.”
Pedro, na sua primeira epístola, nos
mostra que a vigilância é necessária para não cairmos em mornidão espiritual.
“Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão,
rugindo e procurando a quem possa devorar.” (1 Pd 5:8)
Consequências da negligência
espiritual - (Pv 24:30-34) “Passei pelo campo do preguiçoso... e eis que
tudo estava cheio de espinhos, a sua superfície, coberta de urtigas, e o seu
muro de pedra, em ruínas.”
"Preguiçoso" aponta para
alguém que se desmazela na sua responsabilidade com complacência. Quando
negligenciamos o relacionamento com Deus, a nossa vida espiritual se torna
semelhante ao campo descrito por Salomão, cheio de ervas daninhas e ruínas. O
pecado se torna algo que não nos incomoda mais, pois abrimos concessão para
aquilo que a Palavra de Deus condena. Assim como um muro caído deixa uma
propriedade vulnerável, a vida do cristão descuidada é aberta aos ataques do
inimigo.
John Wesley declarou que: “A
negligência é a mãe de todos os desvios.” Por isso, devemos seguir a orientação
paulina, revestindo-nos de toda a armadura de Deus como proteção contra a
negligência e distração espiritual — (Ef 6:10-18).
As disciplinas espirituais como
remédio - (1 Tm 4:7-8) “Exercita-te pessoalmente na piedade, pois o
exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é
proveitosa.” O verbo "Exercita-te" carrega a ideia de treinamento
intenso, uma prática intencional e disciplinada.
A oração, a meditação na Palavra e o
jejum são práticas que fortalecem a vida espiritual e previnem a negligência.
Por fim, não desconsiderar o
papel da comunhão na superação da negligência espiritual — (Hb 10:24-25) -
“Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas
obras. Não deixemos de congregar-nos...” "Congregar" significa
reunir-se com propósito. É um ato intencional que fortalece a fé. A comunhão
cristã nos ajuda a manter o zelo e a vigilância na fé, encorajando-nos
mutuamente a evitar a apatia espiritual.
O teólogo Dietrich Bonhoeffer afirma
que: “Nenhum homem é uma ilha, e nenhum cristão permanece forte isolado.”
Os primeiros cristãos compreenderam
e praticaram bem essa verdade, deixando-nos o exemplo: “Eles se dedicavam ao
ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. (At 2:42)
Como vimos, a negligência espiritual
pode ter consequências sérias, levando ao desvio e à apatia na fé. Precisamos
ser diligentes na nossa busca por Deus, ouvindo atentamente a sua Palavra e
aplicando-a a nossas vidas. Despertemo-nos, pois, para a importância de cuidar
bem do nosso relacionamento com o Senhor, permanecendo vigilantes para que
nunca nos desviemos da sua verdade. Isso contribuirá para que a nossa vida
reflita uma fé viva, comprometida e cheia de amor por Deus e pelo próximo.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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