terça-feira, 19 de novembro de 2024

A NEGLIGÊNCIA ESPIRITUAL

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            Vivemos num tempo em que distrações e preocupações diárias nos podem desviar da nossa caminhada com Deus. A negligência espiritual não ocorre de forma repentina, mas gradualmente, à medida que deixamos de dar atenção ao que é realmente importante para nossa vida cristã. Muitos cristãos, em algum momento, podem sentir-se afastados da Palavra, negligenciar a oração e abandonar os fundamentos da fé. É um perigo real que pode corroer a vida espiritual se não for tratado. Imagine um jardim abandonado. Mesmo o solo mais fértil, se deixado sem cuidados, se enche de ervas daninhas. Assim é a vida espiritual negligenciada, o terreno do nosso coração é invadido pelas distrações e pelo pecado.

A negligência espiritual é o ato de deixar de lado as disciplinas espirituais e o compromisso com Deus, permitindo que a apatia espiritual se instale. As Sagradas Escrituras alertam constantemente sobre o perigo do desvio e do descuido com a fé.

O perigo de desviar-se da Palavra de Deus — (Hb 2:1-3) “Por isso, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.” O verbo “apegar”, no grego, significa: “estar atento, aderir com cuidado”, já o verbo “desviar” tem a ideia de “escapar, deslizar lentamente.” Assim como um barco que não é ancorado se afasta lentamente, a nossa fé pode escorregar, quando negligenciamos o estudo da Palavra e a oração.

Moisés, na sua instrução ao jovem Josué, disse: "Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para você cumprir fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido." (Js 1:8). Não podemos prosperar nas nossas vidas se desprezamos a Palavra de Deus.

Os sinais de uma vida espiritualmente negligente — (Apoc 3:15-16) — “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, nem frio, nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.”

"Morno" refere-se a algo sem entusiasmo ou convicção. Esse termo demonstra apatia e falta de fervor espiritual. A mornidão é um sintoma da negligência espiritual, quando a fé se torna rotineira e sem paixão. Deus deseja corações ardentes, não cristãos complacentes.

Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores, afirmou: “Deus quer um coração em fogo, não em chamas moribundas e mornas.”

Pedro, na sua primeira epístola, nos mostra que a vigilância é necessária para não cairmos em mornidão espiritual. “Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.” (1 Pd 5:8)

            Consequências da negligência espiritual - (Pv 24:30-34) “Passei pelo campo do preguiçoso... e eis que tudo estava cheio de espinhos, a sua superfície, coberta de urtigas, e o seu muro de pedra, em ruínas.”

            "Preguiçoso" aponta para alguém que se desmazela na sua responsabilidade com complacência. Quando negligenciamos o relacionamento com Deus, a nossa vida espiritual se torna semelhante ao campo descrito por Salomão, cheio de ervas daninhas e ruínas. O pecado se torna algo que não nos incomoda mais, pois abrimos concessão para aquilo que a Palavra de Deus condena. Assim como um muro caído deixa uma propriedade vulnerável, a vida do cristão descuidada é aberta aos ataques do inimigo.

            John Wesley declarou que: “A negligência é a mãe de todos os desvios.” Por isso, devemos seguir a orientação paulina, revestindo-nos de toda a armadura de Deus como proteção contra a negligência e distração espiritual — (Ef 6:10-18).

            As disciplinas espirituais como remédio - (1 Tm 4:7-8) “Exercita-te pessoalmente na piedade, pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa.” O verbo "Exercita-te" carrega a ideia de treinamento intenso, uma prática intencional e disciplinada.

            A oração, a meditação na Palavra e o jejum são práticas que fortalecem a vida espiritual e previnem a negligência.

            Por fim, não desconsiderar o papel da comunhão na superação da negligência espiritual — (Hb 10:24-25) - “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos...” "Congregar" significa reunir-se com propósito. É um ato intencional que fortalece a fé. A comunhão cristã nos ajuda a manter o zelo e a vigilância na fé, encorajando-nos mutuamente a evitar a apatia espiritual.

            O teólogo Dietrich Bonhoeffer afirma que: “Nenhum homem é uma ilha, e nenhum cristão permanece forte isolado.”

            Os primeiros cristãos compreenderam e praticaram bem essa verdade, deixando-nos o exemplo: “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. (At 2:42)

Como vimos, a negligência espiritual pode ter consequências sérias, levando ao desvio e à apatia na fé. Precisamos ser diligentes na nossa busca por Deus, ouvindo atentamente a sua Palavra e aplicando-a a nossas vidas. Despertemo-nos, pois, para a importância de cuidar bem do nosso relacionamento com o Senhor, permanecendo vigilantes para que nunca nos desviemos da sua verdade. Isso contribuirá para que a nossa vida reflita uma fé viva, comprometida e cheia de amor por Deus e pelo próximo.

Rev. Liberato Pereira dos Santos


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