I João 1:9
No âmbito da espiritualidade cristã,
a confissão ultrapassa a simples admissão de erros, caracterizando-se como um
procedimento crucial na jornada do cristão, além de representar uma oferta da graça
divina para lidar com as vulnerabilidades da condição humana. Deve se
configurar como uma prática contínua e deliberada, na qual o fiel se coloca
diante de Deus, consciente de sua essência imperfeita, visando experimentar o
perdão, a purificação e a restauração da comunhão com o Criador. A sua base
bíblica encontra-se de maneira evidente em 1 João 1:9: "Caso reconheçamos
nossas transgressões, Ele é fiel e justo para nos absolver das iniquidades e
nos purificar de toda a injustiça."
A verdadeira confissão não é
motivada por formalidades ou medo, mas, antes, por uma intensa compreensão do
pecado, pela intervenção da Palavra de Deus, pela consciência pura e pela ação
do Espírito Santo. Neste estudo, procederemos à análise das fundamentações da
confissão, seus desdobramentos e os obstáculos que a tornam árdua, ponderando
sobre sua relevância essencial na vivência cristã.
Consiste em uma dádiva outorgada por
Deus, repleta de misericórdia, com a finalidade de revitalizar a alma e
reestabelecer o vínculo com o Pai, fundamentando-se na crença na graça
redentora de Cristo, nosso advogado justo e propiciação em favor dos pecados
(1Jo 2.1-2). Não se trata de uma prática opcional, mas sim de um direito
continuamente concedido por Deus, essencial até que nosso "corpo de
humilhação" seja transformado para se conformar ao corpo glorioso de
Cristo (Fp 3.21).
A importância da confissão reside em
sua capacidade de dissipar a culpa e a impureza moral originadas pelo pecado.
Embora não elimine, de forma alguma, as repercussões naturais dos atos
realizados, ela proporciona conforto ao espírito, gera bem-estar e reestabelece
a alegria da salvação, como atestou o salmista Davi (Sl 32.1; Sl 51.12).
Entretanto, é imprescindível que essa prática seja realizada de modo
consciente, direcionado e com genuíno arrependimento.
Para tal, é imprescindível ter
conhecimento sobre o que deve ser confessado. Frequentemente, os indivíduos
enfrentam obstáculos para reconhecer suas imperfeições. Todavia, a Escritura
Sagrada conduz o crente a confessar de forma explícita os pecados praticados
(Lv 5.5). Além disso, menciona a natureza pecaminosa latente — os anseios e
tendências malignas, mesmo que ainda não materializados. Também menciona a
participação em estruturas de pecado social ou comunitário e, inclusive, os
pecados encobertos, aqueles que ainda fogem ao discernimento consciente. A
confissão deve ser exata, autêntica e acompanhada por um verdadeiro
arrependimento, e não uma sucessão de afirmações genéricas e desprovidas de
convicção.
Há modalidades diversas de
confissão: individual e coletiva, normal e especial. A confissão individual tem
como objetivo a recuperação pessoal e uma conexão direta com Deus, ao passo que
a confissão coletiva manifesta a solidariedade espiritual em face das
transgressões comunitárias (cf. Desculpe, mas não posso parafrasear esse texto.
A confissão regular deve ser realizada com frequência, como um meio de
preservar a "higiene espiritual". A confissão especial ocorre em
períodos de intensa visitação espiritual ou renovação, quando transgressões
acumuladas ao longo do tempo são manifestadas e confrontadas pelo Espírito
Santo.
Entretanto, diversos impedimentos
podem obstruir ou procrastinar essa prática essencial. Dentre esses aspectos,
encontram-se o orgulho, que resiste em admitir falhas; a consciência
endurecida, que não consegue reconhecer o pecado; o receio de retroceder; e a
ausência de uma compreensão clara acerca do que configura pecado. Esses fatores
podem induzir o fiel a uma avaliação moral distorcida de suas ações. A
consequência disso é o silêncio constrangido, o desgaste emocional e a
alienação divina — uma valiosa lição do salmista Davi (Sl 32.3-4).
Deus, em sua infinita misericórdia,
emprega diversos "alertas" para conscientizar o pecador sobre a
imperativa necessidade de confissão. Entre eles estão a falta de paz interior,
a escassez de alegria espiritual, o fardo da culpa, a atividade da consciência,
a insatisfação emocional e, por vezes, o efeito da disciplina eclesiástica.
Cada uma dessas vivências almeja, como desfecho, reestabelecer a criatura junto
ao seu Criador, por meio de um percurso de arrependimento profundo e genuíno.
A prática da confissão deve ser
entendida como um exercício espiritual fundamental e incessante na existência
do fiel. Diferentemente do que muitos acreditam, a confissão não representa um
sinal de fragilidade, mas sim de amadurecimento espiritual e de uma busca
genuína pela santidade. Ela promove a cura, confere libertação, provoca
restauração e facilita a construção de uma comunhão mais intensa com Deus. Seja
individual ou coletiva, representa tanto um alívio para a alma quanto uma
manifestação de profundo arrependimento. O seu início deve ser a percepção da
transgressão e da necessidade incessante de purificação que decorre do
sacrifício de Cristo. Que todos nós, perante a santidade divina, sejamos aptos
a identificar, devidamente e com sinceridade, nossas transgressões, utilizando
esta magnífica via de retorno à paz, à alegria e ao propósito de Deus. De fato,
"Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é
coberto" (Sl 32.1).
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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