Mateus 5:13
O Sermão do Monte proporciona uma das
mais significativas considerações acerca do papel do cristão na sociedade. A
declaração "Vós sois o sal da terra" integra essa reflexão, por meio
da qual Jesus não apenas confere uma identidade, mas também uma missão
transformadora, que ecoa ao longo dos tempos de forma notável para a
contemporaneidade.
Da reflexão à ação.
A instrução bíblica apresenta uma
evolução orgânica e imprescindível: inicialmente, Jesus traça o perfil do fiel
por meio das bem-aventuranças, que incluem ser humilde de espírito, demonstrar
misericórdia, ser manso e possuir anseio e sede por justiça. Entretanto, essa
metamorfose interna não constitui um objetivo isolado. Ela representa a base
para um conceito mais amplo: a expressão dessa nova essência na realidade.
A mudança da reflexão sobre a nossa
essência para a prática do que precisamos tornar-nos constitui um dos elementos
mais significativos da vida cristã. Não é suficiente apenas possuir um caráter
modificado; é imprescindível que essa modificação influencie a realidade ao
nosso redor.
O engano do isolamento.
Uma das distorções mais antigas da fé
cristã foi o monasticismo, que interpretou erroneamente a santidade como
desconexão física do mundo. Embora seja apreciável, tal convicção contraria um
dos princípios mais basilares das Escrituras, que estabelece que o fiel se
encontra no mundo, embora não pertença a ele.
Pedro reafirma este mesmo princípio ao
afirmar que somos uma "raça eleita, um sacerdócio real, uma nação
santa", com o propósito de "proclamarmos as virtudes daquele que nos
convocou das trevas para a sua maravilhosa luz". A santidade cristã não
consiste em uma evasão, mas em um envolvimento que promove transformação.
A Pressão dos Nossos Tempos
Os séculos XX e XXI apresentam desafios
ímpares que tornam essa problemática ainda mais premente. Habituamo-nos a uma
era que evidencia, de modo lamentável, o insucesso das concepções filosóficas
elaboradas pelo ser humano. A crença no otimismo evolucionista do século
passado, que assegurava um avanço contínuo e uma era de esplendor, foi
severamente contraditada pela própria realidade.
Jamais existiu uma época que se aproxime
tanto da representação bíblica do mundo em sua situação decaída. As imensas
expectativas fundamentadas na teoria da evolução filosófica — a concepção de
que a humanidade estava, de forma inevitável, avançando e se aperfeiçoando —
foram arrasadas pelos trágicos acontecimentos que se sucederam.
A metáfora do Sal.
A seleção da metáfora do sal reveste-se
de uma importância considerável. O sal possui características singulares:
conserva, aromatiza e altera. De maneira implícita, Jesus retrata não apenas o
fiel, mas também a condição do mundo que demanda essa intervenção.
O planeta, simbolizado pela humanidade
não redimida, encontra-se em um estágio de declínio moral e espiritual. Assim
como o sal que evita a degradação dos alimentos, o fiel tem a incumbência de
atuar como um agente de preservação na sociedade. Entretanto, sua função
ultrapassa a mera preservação; abrange também a atribuição de sabor e
significado a uma vida que, na ausência de Deus, se revela insípida e
desprovida de finalidade.
O Desafio Contemporâneo.
A problemática que surge com uma
crescente urgência é a seguinte: qual deve ser o vínculo entre a população de
fé e a sociedade? Qual deve ser a nossa postura em relação às crises morais,
sociais e espirituais que caracterizam a contemporaneidade?
A solução não reside nem na reclusão
monástica, nem na adequação às normas seculares. Encontra-se na perspectiva
bíblica a necessidade de cultivar uma mentalidade e uma visão que se distanciem
daquelas predominantes no mundo, ao mesmo tempo em que nos comprometemos de
forma ativa com a modificação da realidade que nos envolve.
Dessa maneira, ser o sal da terra
implica aceitar a responsabilidade de impactar de maneira construtiva o
contexto em que habitamos. Isso implica que nossa crença precisa gerar efeitos
práticos, sendo que nosso caráter transformado deve culminar em ações
transformadoras.
Em uma sociedade que revela, de maneira
progressiva, sua urgência por uma conservação ética e uma revitalização
espiritual, o papel do cristão como tempero jamais foi tão significativo. A
indagação que cada fiel deve considerar não consiste em saber se precisa
interagir com o mundo, mas sim em refletir sobre a maneira de fazê-lo que
respeite a Deus e atenda ao propósito para o qual foi designado.
O sal apenas exerce sua função ao
estabelecer contato com o que necessita ser preservado e transformado. De
maneira semelhante, o cristão descobre seu propósito não na solidão, mas na
incumbência de atuar como um instrumento da graça transformadora de Deus na
sociedade.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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