sábado, 26 de julho de 2025

O PERIGO DE CONSTRUIR SOBRE A AREIA 27.07.2025

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 Mateus 7:24-27

Atualmente, vivemos em uma época em que a fé cristã tende a ressoar como um bem de consumo, um artigo à la carte, adaptável às nossas preferências e necessidades. No entanto, essa mentalidade manifesta uma das mais perigosas tendências espirituais de nosso tempo: a adição de “cristianismo superficial”, no qual os indivíduos edificarão uma vida espiritual sobre insustentáveis e ineficazes bases, da mesma forma como construtores que constroem uma casa sobre a areia.

O exemplo que Jesus utiliza em sua parábola dos dois construtores não é somente um precioso recurso arquitetônico, mas, sobretudo, um preciso diagnóstico da condição espiritual do homem. O homem insensato que constrói sobre a areia retrata perfeitamente o crente nominal, aquele que adota o cristianismo sem deixá-lo entrar ou transformar efetivamente sua vida.

O Perfil do Crente Superficial

O primeiro aspecto que distingue essa pessoa é a mentalidade do "eu”. Para esse indivíduo, a fé cristã é de fato um meio para a satisfação de seu próprio interesse. Ele vai à igreja, comparece a eventos e até mesmo se considera conhecedor da Bíblia, mas tudo é voltado para a única questão que lhe interessa: "O que eu ganho com isso?" 

Essa postura evidentemente utilitarista se refere ao modo como ele escolhe os elementos do cristianismo que lhe convêm. Ele adota alegremente a doutrina sobre o amor e a misericórdia de Deus, mas evita com a maior coerência os ensinamentos sobre santidade, justiça de Deus e arrependimento. É como se quisesse escolher apenas as vitaminas doces em uma caixa de vitaminas, desprezando as amargas, embora elas sejam igualmente úteis para sua saúde.

A Pressa Espiritual

Uma característica marcante do crente superficial é sua impaciência com o processo de crescimento espiritual. Ele deseja os benefícios da fé cristã - paz, felicidade, bênçãos materiais - mas se mostra relutante em investir tempo no estudo profundo das Escrituras ou na disciplina espiritual necessária para o amadurecimento.

Esta pressa se manifesta em sua aversão à doutrina sólida. Conceitos como pecado, julgamento, disciplina divina e responsabilidade moral parecem-lhe desnecessariamente complexos e desencorajadores. Prefere uma versão simplificada do cristianismo, onde Deus é primariamente um benfeitor celestial, sempre disposto a atender seus desejos, mas raramente fazendo exigências morais desconfortáveis.

O Perigo da Seletividade Bíblica

O crente nominal desenvolve uma habilidade peculiar para filtrar a mensagem bíblica. Ele conhece João 3:16 de cor, mas raramente medita no versículo 36 do mesmo capítulo, que fala sobre a ira de Deus permanecendo sobre o incrédulo. Esta seletividade não é acidental, mas reflete uma postura deliberada de evitar verdades que possam perturbar sua zona de conforto espiritual.

Esta abordagem fragmentada das Escrituras produz uma fé desequilibrada, desprovida da profundidade necessária para resistir às tempestades da vida. Como uma casa construída sobre fundamentos inadequados, tal fé pode parecer sólida em tempos de bonança, mas revela sua fragilidade quando testada por circunstâncias adversas.

As consequências da superficialidade.

O cristianismo superficial traz uma tragédia que vai além da autoilusão, estendendo-se às suas consequências mais abrangentes. Quando a igreja está repleta de indivíduos que nunca foram verdadeiramente transformados pelo Evangelho, sua habilidade de influenciar a sociedade é gravemente afetada. 

Ademais, o crente superficial costuma ser um empecilho para quem busca uma fé genuína. Sua versão suavizada do cristianismo pode conquistar muitas pessoas, porém raramente forma discípulos autênticos, capazes de vivenciar os princípios cristãos em sua totalidade.

O Chamado à Autenticidade

A advertência de Jesus a respeito dos dois construtores vai além de um simples aviso; trata-se de um chamado à autenticidade espiritual. A diferença entre edificar sobre a rocha ou sobre a areia não se revela na aparência externa da construção, mas na firmeza de seus alicerces. 

Um verdadeiro cristão é alguém que se dispõe a encarar todo o conselho de Deus, mesmo que isso implique em confrontar partes desconfortáveis de sua própria personalidade.  Ele acredita que a fé verdadeira requer não só receber bênçãos, mas também assumir responsabilidades; não só usufruir do amor divino, mas também honrar a santidade de Deus.  Em um mundo que proporciona versões práticas de tudo, até mesmo da fé cristã, o desafio persiste: teremos a ousadia de edificar sobre a rocha da verdade completa, ou nos conformaremos com os alicerces precários da conveniência pessoal?  A resposta a essa questão definirá tanto nossa estabilidade espiritual quanto nossa habilidade de resistir quando as tempestades da vida chegarem, inevitavelmente.

Rev. Liberato Pereira dos Santos



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