Mateus 7:24-27
Atualmente, vivemos em
uma época em que a fé cristã tende a ressoar como um bem de consumo, um artigo
à la carte, adaptável às nossas preferências e necessidades. No entanto, essa
mentalidade manifesta uma das mais perigosas tendências espirituais de nosso
tempo: a adição de “cristianismo superficial”, no qual os indivíduos edificarão
uma vida espiritual sobre insustentáveis e ineficazes bases, da mesma forma
como construtores que constroem uma casa sobre a areia.
O exemplo que Jesus
utiliza em sua parábola dos dois construtores não é somente um precioso recurso
arquitetônico, mas, sobretudo, um preciso diagnóstico da condição espiritual do
homem. O homem insensato que constrói sobre a areia retrata perfeitamente o
crente nominal, aquele que adota o cristianismo sem deixá-lo entrar ou
transformar efetivamente sua vida.
O Perfil do Crente
Superficial
O primeiro aspecto que
distingue essa pessoa é a mentalidade do "eu”. Para esse indivíduo, a fé
cristã é de fato um meio para a satisfação de seu próprio interesse. Ele vai à
igreja, comparece a eventos e até mesmo se considera conhecedor da Bíblia, mas
tudo é voltado para a única questão que lhe interessa: "O que eu ganho com
isso?"
Essa postura
evidentemente utilitarista se refere ao modo como ele escolhe os elementos do
cristianismo que lhe convêm. Ele adota alegremente a doutrina sobre o amor e a
misericórdia de Deus, mas evita com a maior coerência os ensinamentos sobre
santidade, justiça de Deus e arrependimento. É como se quisesse escolher apenas
as vitaminas doces em uma caixa de vitaminas, desprezando as amargas, embora
elas sejam igualmente úteis para sua saúde.
A Pressa Espiritual
Uma característica
marcante do crente superficial é sua impaciência com o processo de crescimento
espiritual. Ele deseja os benefícios da fé cristã - paz, felicidade, bênçãos
materiais - mas se mostra relutante em investir tempo no estudo profundo das Escrituras
ou na disciplina espiritual necessária para o amadurecimento.
Esta pressa se
manifesta em sua aversão à doutrina sólida. Conceitos como pecado, julgamento,
disciplina divina e responsabilidade moral parecem-lhe desnecessariamente
complexos e desencorajadores. Prefere uma versão simplificada do cristianismo,
onde Deus é primariamente um benfeitor celestial, sempre disposto a atender
seus desejos, mas raramente fazendo exigências morais desconfortáveis.
O Perigo da
Seletividade Bíblica
O crente nominal
desenvolve uma habilidade peculiar para filtrar a mensagem bíblica. Ele conhece
João 3:16 de cor, mas raramente medita no versículo 36 do mesmo capítulo, que
fala sobre a ira de Deus permanecendo sobre o incrédulo. Esta seletividade não é
acidental, mas reflete uma postura deliberada de evitar verdades que possam
perturbar sua zona de conforto espiritual.
Esta abordagem
fragmentada das Escrituras produz uma fé desequilibrada, desprovida da
profundidade necessária para resistir às tempestades da vida. Como uma casa
construída sobre fundamentos inadequados, tal fé pode parecer sólida em tempos
de bonança, mas revela sua fragilidade quando testada por circunstâncias
adversas.
As consequências da
superficialidade.
O cristianismo
superficial traz uma tragédia que vai além da autoilusão, estendendo-se às suas
consequências mais abrangentes. Quando a igreja está repleta de indivíduos que
nunca foram verdadeiramente transformados pelo Evangelho, sua habilidade de
influenciar a sociedade é gravemente afetada.
Ademais, o crente
superficial costuma ser um empecilho para quem busca uma fé genuína. Sua versão
suavizada do cristianismo pode conquistar muitas pessoas, porém raramente forma
discípulos autênticos, capazes de vivenciar os princípios cristãos em sua totalidade.
O Chamado à
Autenticidade
A advertência de Jesus
a respeito dos dois construtores vai além de um simples aviso; trata-se de um
chamado à autenticidade espiritual. A diferença entre edificar sobre a rocha ou
sobre a areia não se revela na aparência externa da construção, mas na firmeza
de seus alicerces.
Um verdadeiro cristão é
alguém que se dispõe a encarar todo o conselho de Deus, mesmo que isso implique
em confrontar partes desconfortáveis de sua própria personalidade. Ele
acredita que a fé verdadeira requer não só receber bênçãos, mas também assumir
responsabilidades; não só usufruir do amor divino, mas também honrar a
santidade de Deus. Em um mundo que proporciona versões práticas de tudo,
até mesmo da fé cristã, o desafio persiste: teremos a ousadia de edificar sobre
a rocha da verdade completa, ou nos conformaremos com os alicerces precários da
conveniência pessoal? A resposta a essa questão definirá tanto nossa
estabilidade espiritual quanto nossa habilidade de resistir quando as
tempestades da vida chegarem, inevitavelmente.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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