sábado, 30 de agosto de 2025

CUMPRINDO A MISSÃO 31.08.2025

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Desde o começo, a missão de Cristo incorporou a noção de ser universal, transcender limites geográficos, culturais e sociais. O evangelho cristão, que se destina a todas as pessoas em todos os lugares, é, assim, não apenas uma fé, mas um mandamento autêntico de Deus, que impulsionou os cristãos primitivos a disseminarem a mensagem de Cristo até as regiões mais remotas daquele mundo. Eles estavam certos de que a própria essência de Deus demandava uma missão global.

A convicção de que existe um único Deus, que deseja ver todos salvos, estabelecia como imperativo que a pregação alcançasse o mundo inteiro. Esta compreensão teológica fundamental moldou toda a estratégia missionária subsequente.

            A revelação única de Deus em Jesus de Nazaré, e sua ação decisiva através dele para salvar a humanidade, criou uma urgência missionária sem precedentes. A magnitude deste acontecimento – considerado pelos cristãos como o maior de todos os eventos da história – demandava que a notícia fosse espalhada pelos quatro cantos do mundo. Assim, tanto o caráter do evangelho quanto a própria essência divina envolveram a igreja nascente em uma tarefa para toda a humanidade. Apesar do fato de que os apóstolos não criaram um plano missionário formal e bem sistematizado, vários fatores determinariam a direção do evangelho cristão. O cristianismo se espalhou em grande medida por meio de missionários informais, de forma muito frequentemente espontânea, em situações casuais. No entanto, elementos estratégicos claros influenciaram pelo menos alguns dos primeiros evangelistas.

            A pergunta fundamental que se colocava era: por onde começar? Diante da enormidade da tarefa, que estratégia de avanço deveria ser adotada? A resposta veio naturalmente através de fatores geográficos e sociais que facilitaram a disseminação da nova fé.

O século primeiro providenciou condições excepcionais para a expansão cristã. Todo o mundo civilizado ao redor da bacia do Mediterrâneo estava sob controle romano, uma administração eficiente que unificou territórios vastos. Roma adotara o grego como língua franca do império, facilitando a comunicação intercultural. Mesmo em contextos considerados bárbaros, como Listra, aproximadamente metade das inscrições descobertas pelos arqueólogos estão em grego.

            Os sistemas de comunicação, tanto terrestres quanto marítimos, eram excelentes. A famosa rede de estradas romanas e as rotas marítimas bem estabelecidas criaram uma infraestrutura ideal para a disseminação rápida de ideias. Ademais, a atitude romana de tolerância religiosa, desde que os credos não perturbassem a ordem pública, abriu caminho para movimentos suficientemente corajosos, persistentes e dispostos ao sacrifício.

Antes das viagens missionárias de Paulo, já existiam comunidades cristãs na Palestina, na faixa costeira da Síria, em Tarso e em Roma. Vinte anos depois, essas cabeças de ponte foram exploradas sistematicamente, levando o evangelho aos territórios circundantes. Na Itália, cristãos podiam ser encontrados em Três Tabernas, Praça de Ápio, Herculano, Pompéia e Poteóli, além da capital.

            As rotas marítimas e terrestres do Império Romano desempenharam papel significativo na direção do avanço da nova fé. Um século mais tarde, o cenário tornou-se ainda mais impressionante. A parte ocidental do império, da qual não havia informações sobre presença cristã no primeiro século, contava agora com igrejas florescentes na Espanha, França e Alemanha.

            A evangelização seguiu consistentemente as principais vias de comunicação. Na Alemanha, avançou pelo curso do rio Reno até Colônia e pelo rio Mosela até Augusta dos Tréveros. Na Gália, subiu pelo grande rio Arar, a oeste de Marselha, até Viena e Lugduno. No Egito, expandiu-se a partir de Alexandria seguindo o Nilo, o grande meio de comunicação daquele país.

            Os cristãos não foram pioneiros em usar as estradas e rotas comerciais como vias de expansão. Os judeus já haviam trilhado esses caminhos antes deles. É significativo que em cada área principal penetrada pelos cristãos nos dois primeiros séculos, os judeus já haviam estabelecido presença anterior. Esta realidade ilustra as palavras de Jesus: "Um é o semeador, e outro é o ceifeiro. Eu vos enviei para ceifar o que não semeastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho."

            Diante do exposto, o cumprimento da missão cristã nos primeiros séculos demonstra como fatores teológicos, geográficos e estratégicos convergiram para facilitar uma expansão sem precedentes. A convicção sobre a universalidade da mensagem, combinada com condições históricas favoráveis e uma abordagem pragmática que utilizou as infraestruturas existentes, resultou na transformação do mundo mediterrâneo. Esta experiência histórica continua oferecendo princípios valiosos para o cumprimento da missão cristã em nossos dias.

            Rev. Liberato Pereira dos Santos



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