sábado, 1 de novembro de 2025

"ONDE ESTÁ, Ó MORTE, A TUA VITÓRIA? 02/11/2025

+ No comment yet

 


1 Coríntios 15:51-58

A igreja de Corinto enfrentava sérios problemas. A unidade da comunidade criada pelo apóstolo Paulo estava sob risco em virtude de divisões internas, imoralidade, disputas judiciais entre irmãos e até mesmo a dúvida sobre a ressurreição do Senhor. Nesse contexto, Paulo redige uma das passagens mais reconfortantes e teologicamente significativas das Escrituras: I Coríntios 15:51-58.

O apóstolo declara de forma enfática que a ressurreição de Jesus Cristo é a base da fé cristã. Sem ela, Paulo declara que não haveria possibilidade de perdão dos pecados, nem a esperança na vida eterna. A fé cristã seria totalmente nula e infrutífera. Esta não é uma doutrina periférica ou opcional – é o coração pulsante do evangelho. O Rev. Hernandes Dias Lopes expressa com clareza a centralidade desta verdade: "A cruz sem a ressurreição é símbolo de fracasso e não de vitória. Se Cristo não tivesse ressuscitado, Ele não poderia ser Salvador. Se Cristo não tivesse ressuscitado, Ele seria o maior embusteiro da História. Se Cristo não ressuscitou, um engano salvou o mundo" (LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios: como resolver conflitos na igreja. São Paulo: Hagnos, 2008, p. 449).

Em seu argumento, Paulo apresenta provas substanciais de testemunhas oculares.  Jesus aparecerá fisicamente a várias pessoas e grupos depois da sua morte: a Pedro, aos doze apóstolos, a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a Tiago e finalmente ao mesmo Paulo.  O apóstolo observa que essas aparições não foram visões espirituais ou aparições fantasmagóricas, mas sim Jesus os manifestando em corpo ressurreto e glorificado. Como bem observou João Calvino: "A ressurreição de Cristo é o fundamento sobre o qual repousa nossa fé. Se ele for removido, toda a estrutura desmorona" (CALVINO, João. Comentário à 1 Coríntios. São Paulo: Edições Paracletos, 1996, p. 468).

É neste cenário que Paulo menciona um "mistério", ou seja, uma verdade até então oculta, mas agora revelada. Nem todos os crentes morrerão antes da parousia de Cristo, mas todos serão transformados. Essa transformação ocorrerá num "momento, num abrir e fechar de olhos, na última trombeta". Os corpos mortais ou corruptíveis estarão revestidos de imortalidade e incorruptibilidade, assim como a própria ressurreição de Jesus.

Esta promessa não é mera especulação teológica – ela tem implicações profundas e práticas. A ressurreição remove o aguilhão da morte. O que antes era o inimigo final e inevitável da humanidade agora se torna apenas uma passagem para a presença do Senhor. A morte perdeu seu poder de aterrorizar os que estão em Cristo. Por isso Paulo pode proclamar triunfantemente: "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?"

A transformação que a ressurreição de Cristo operou nos primeiros discípulos é notável. Homens que fugiram covardemente na noite da prisão de Jesus tornaram-se pregadores destemidos, dispostos a enfrentar perseguição e martírio. O que explica essa mudança radical? A certeza da ressurreição. Eles não apenas acreditavam em uma doutrina – eles haviam encontrado o Cristo vivo.

Esta mesma certeza deve moldar a vida cristã hoje. Paulo conclui sua argumentação com uma exortação prática: "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão". A esperança da ressurreição não nos torna passivos ou alienados das realidades presentes. Em vez disso, ela nos capacita a perseverar diante dos obstáculos, conscientes de que nosso futuro glorioso está garantido. Herman Bavinck, um teólogo reformado, articula essa verdade de maneira eloquente: "A ressurreição não é apenas a restauração da vida, mas a elevação da vida a um nível superior de glória e perfeição" (BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada: Escatologia. Vol. 4. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, p. 687).

Não é por acaso que este texto tem sido proferido em diversos funerais ao longo dos séculos, proporcionando consolo aos enlutados. Sua mensagem transcende limites temporais e culturais, inspirando até mesmo criações artísticas como "Um Réquiem Alemão" de Johannes Brahms. A promessa da ressurreição oferece esperança genuína diante da mortalidade humana.

Vivemos em um mundo marcado por sofrimento, injustiça e morte. Mas a ressurreição de Cristo nos assegura que esta não é a palavra final. Um dia, em um instante, seremos transformados. Até lá, permanecemos firmes, trabalhando diligentemente no serviço do Senhor, certos de que nossa esperança não é vã e nossa vitória já está garantida em Cristo.

Rev. Liberato Pereira dos Santos


Disponibilizamos o boletim informativo da IPBN, a fim de que você fique por dentro daquilo que Deus está fazendo em/através da nossa comunidade. Boa leitura. Click no link abaixo e faça o download:https://mega.nz/file/YEghRAyC#e0P2aoLWMuMe5INgfcxUQwSNVl6tke0d0vGuesRyadY

Postar um comentário