sábado, 26 de abril de 2025

O DESAFIO E A RELEVÂNCIA DO CRISTÃO EM UM MUNDO EM CRISE. 27/04/2025

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Mateus 5:13

         Ao ouvirmos a poderosa afirmação de Jesus no Sermão do Monte, “Vós sois o sal da terra”, talvez não compreendamos, de imediato, as profundezas e implicações desse chamado. David Martin Lloyd-Jones, em sua análise lúcida, aguça nossa percepção para o propósito e a missão de todo aquele que se reconhece discípulo de Cristo: não fomos transformados para a contemplação isolada, mas sim para uma atuação viva no mundo em que estamos inseridos. Nos versículos anteriores do Sermão do Monte, Jesus delineia o caráter do crente. Ele fala dos humildes, dos que têm sede de justiça, dos misericordiosos. Porém, ao declarar que seus seguidores são o sal da terra, o discurso dá um passo adiante: do ser ao fazer. Saber quem somos em Cristo é só o começo; a verdadeira fé demanda expressão, presença e influência prática.

     Lloyd-Jones alerta contra a ideia comum, promovida especialmente pelo monasticismo ao longo da história, de que a santidade está necessariamente atrelada à separação física do mundo. Em contraste, as Escrituras afirmam que, embora não pertençamos ao mundo, estamos nele para cumprir uma missão. O “sal da terra” não tem utilidade em sua embalagem, só faz sentido em contato com aquilo que deve conservar e dar sabor. C. S. Lewis, ao tratar desse mesmo chamado para viver a fé no mundo, declarou: “Não tenho obrigação de ser igual ao mundo; a missão de dar sabor é minha responsabilidade e, se não o fizer, perderei tanto minha utilidade quanto meu propósito.”

      Ao investigar a declaração de Jesus, percebemos dois movimentos complementares: primeiro, Ele define a identidade do cristão (“vós sois”); depois, delineia a função (“sal da terra”). O sal, no contexto antigo e mesmo no atual, preserva da corrupção e provê sabor ao que seria insípido. Da mesma forma, o cristão está chamado a ser força que impede a decadência moral e espiritual da sociedade, além de testemunhar o gosto da justiça, da compaixão e da integridade. Aqui reside um ponto decisivo: a presença do sal não é opcional para a terra. É imperativo. A Bíblia sempre apresentou uma visão sóbria da realidade do mundo, não como um palco de progresso inevitável, mas como uma ordem corrompida, necessitada de redenção. O século XX, como destaca Lloyd-Jones, expõe de forma clara a crise profunda do otimismo secular: o avanço científico e tecnológico não foi acompanhado por evolução moral proporcional. Ao contrário, vimos guerras, decadência de valores e desilusões coletivas. Nesse sentido, J. I. Packer nos desafia: “A missão cristã não é embelezar o mundo, mas impedir que ele se corrompa ainda mais e apresentar a única esperança possível: o evangelho de Jesus Cristo.”

       Nunca foi tão urgente como agora que o cristão encare seu papel. As falsas esperanças do passado recente, de que uma sociedade livre da fé e guiada pela razão evoluiria para patamares elevados de convivência, mostraram-se frágeis. As expectativas douradas ruíram diante do testemunho de injustiça, violência e crises de sentido. O diagnóstico bíblico permanece atual: o mundo, sem Cristo, tende à autodestruição. Nesse cenário caótico, “ser sal” não é tarefa fácil. Exige coragem para não se conformar, mas também para interferir, não com arrogância, mas com compaixão e verdade. Onde o mal avança, o cristão não é chamado ao silêncio; ao contrário, sua presença deve ser uma barreira contra o agravamento do pecado, um farol de esperança e transformação. John MacArthur nos lembra de que “ser sal é confrontar o mundo com a verdade, afetando cada esfera com justiça e graça; se nos omitirmos, a sociedade perderá o referencial do que é bom e verdadeiro.”

     Como, então, manifestar esse chamado? O caráter moldado pelo evangelho, vivo e consistente, fala mais alto que mil discursos. Pessoas educadas pelo Espírito, mansas, misericordiosas, amantes da verdade, transformam os ambientes onde atuam. O engajamento social é igualmente necessário. Retirar-se dos debates públicos e das questões coletivas jamais foi a proposta de Jesus. O cristão deve ser presença ativa no trabalho, na política, nas artes, na ciência, restringindo o avanço da corrupção, injetando princípios éticos e promovendo a justiça. O sal também cura feridas. O cristianismo não pode se limitar à denúncia do mal, mas precisa se concretizar em iniciativas de alívio ao sofrimento, assistência aos marginalizados e busca por reconciliação.

         O convite de Jesus para sermos o sal da terra é mais urgente do que nunca. Em tempos de desesperança e inquietação, a relevância do cristão se torna ainda mais evidente. Como Lloyd-Jones ressalta, não há espaço para neutralidade: ou cumprimos a nossa função, ou rejeitamos o chamado do Senhor. Ser sal é estar no mundo, sem ser do mundo, para impedir sua deterioração e contribuir para que brilhe ali o sabor de uma nova vida. É uma missão eterna, para cada indivíduo e para a igreja como um todo. Não sejamos cristãos anônimos — que sejamos, de fato, o sal que transforma a terra!

            Rev. Liberato Pereira dos Santos



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1 comentários:

  1. Que Deus nos capacite para sermos sal da terra, sendo bençãos na vida das pessoas! 🙏🙌

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