Mateus 15.21-28
No texto em análise, encontramos uma
mulher cujo nome não foi registrado, mas sua história ecoa pelos séculos como
testemunho vivo do poder da fé materna. Residente em Tiro e Sidom, ela, ao
saber que Jesus Cristo estava em sua cidade, buscou-o com fervor, demonstrando
um coração que discernia as trevas que ameaçavam os seus e reconhecia o único
Salvador capaz de libertá-los. Como Charles Spurgeon certa vez afirmou: “A fé
descobre o invisível, crê no inaudível e realiza o impossível.” Foi essa fé,
poderosa e despretensiosa, que norteou cada passo de sua determinação.
Ao chegar diante do Mestre, seu primeiro
impulso foi clamar por misericórdia, usando o título “Filho de Davi” e depois
“Senhor”, numa ascensão de súplica que desabrochou em adoração. Nesse gesto de
humilhar-se aos pés de Jesus, vemos vivida a definição que Tim LaHaye dá à
verdadeira humildade: “A verdadeira humildade não apenas reconhece o próprio
nada, mas exalta imensamente a grandeza de Deus.” Prostrada, ela confessou não
ter qualquer argumento próprio, a não ser o amor de Deus e a compaixão de Cristo
para com os aflitos.
A fé que possuía não era apenas uma
crença superficial; era o entendimento de que aquele Servo sofredor detinha
poder para resgatar sua filha do jugo maligno. Ela já havia tentado outras
“soluções”: mudança de bairro, recursos humanos, conselhos terrenos — mas, numa
lucidez difícil de encontrar, compreendeu que apenas o Rei dos reis poderia
operar a transformação definitiva. Por isso, desde o primeiro “Senhor, tem
misericórdia de mim” até o momento em que se prostrou aos pés de Jesus, cada
gesto escancarava a certeza de que a resposta viria.
No entanto, a fé verdadeira não se
revela apenas na facilidade. Logo de início, ela enfrentou o desprezo dos
discípulos, que consideravam seu clamor incômodo e queriam simplesmente
mandá-la embora. Mesmo nesse revés, ela não se intimidou: mudou o semblante de
súplice para adorador, mantendo-se firme diante do Senhor. A atitude de Jesus,
que permaneceu em silêncio por um momento, pareceu um obstáculo adicional, mas
a mãe não recuou. Aprendeu naquele instante que a ausência de resposta imediata
não é sinal de negação, mas, muitas vezes, convite para aprofundar a confiança.
Quando Jesus finalmente falou, suas
palavras soaram frias: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas de Israel” e,
numa segunda investida, comparou o direito dos filhos ao pão com o dos
cachorrinhos. Mesmo assim, a mãe achou graça no tom desafiante. Em vez de
magoar-se ou imbuir-se de ira, ela converteu aquela barreira em combustível
para sua fé. “Senhor, até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa
dos seus donos,” respondeu, consciente de que, ainda que limitadas, as
“migalhas” da graça divina seriam suficientes para realizar o impossível.
No ápice daquele diálogo tenso, Jesus
exclamou: “Ó mulher, grande é a tua fé!” Foi o reconhecimento de uma confiança
tão robusta que ultrapassou fronteiras étnicas, culturais e espirituais. Nem o
silêncio pedagógico, nem o desprezo momentâneo, nem a objeção formal puderam
deter a fé daquela mãe. Ao ouvir o elogio do Senhor, ela recebeu a promessa de
que sua filha seria curada. E quando, com o coração repleto de esperança,
regressou para casa, encontrou a menina livre do tormento que a possuía.
Na consumação desse milagre, vemos a
ação de Cristo como o próprio rosto da misericórdia. John Piper nos lembra que
“Cristo é mais misericordioso com os contritos de coração do que qualquer um de
nós com nossos amigos”, pois Ele não apenas atende ao pedido, mas envolve o
aflito em compaixão e restauração plenas. A libertação da filha não foi mera e
súbita intervenção, mas expressão viva da bondade infinita do Salvador.
A transformação foi tão completa que, a
despeito das dificuldades iniciais, a mãe pôde testemunhar diante de todos que
a fé, quando ancorada na graça divina, não apenas atravessa tempestades, mas as
converte em marcos de vitória. Sua história nos lembra que, muitas vezes, Deus
permite o silêncio ou a resistência externa para despertar em nós uma fé capaz
de mover montanhas.
A narrativa dessa mãe nos lembra de que
Deus, às vezes, permite o silêncio ou a oposição externa para suscitar em nós
uma fé capaz de mover montanhas. Que seu exemplo inspire todos os que sofrem,
mostrando que obstáculo algum é forte o bastante para derrotar quem crê com
ousadia. Quando a fé inabalável de uma mãe encontra o coração compassivo de
Jesus, não há barreiras que separem o clamor da resposta. E, assim como naquela
casa em Tiro e Sidom, milagres continuam a acontecer sempre que depositamos em
Cristo nossa confiança mais plena.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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