quinta-feira, 22 de maio de 2025

COMO A ANSIEDADE SEQUESTRA NOSSA ESPIRITUALIDADE 18.05.2025

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Mateus 6:25–34

No turbulento ambiente da vida moderna, onde alertas constantes disputam nossa atenção e listas intermináveis de afazeres nos perseguem, uma antiga sabedoria ecoa com surpreendente atualidade. O capítulo sobre ansiedade do Sermão do Monte fornece um diagnóstico exato para uma das maiores aflições humanas: a excessiva preocupação com os bens materiais. Conforme observado por R.C. Sproul, "A ansiedade desvenda onde se encontra nossa genuína confiança." Quando nos dedicamos demasiadamente a preocupações materiais, confessamos silenciosamente que não acreditamos totalmente na soberania de Deus sobre nossas vidas.

Na sua mensagem, Jesus apresenta uma visão intrigante de como o mundanismo pode se expressar de maneiras diferentes em nossas vidas. O perigo não se limita apenas ao acúmulo de riquezas, mas também à obsessão com questões materiais. Existem muitas pessoas que, embora não sejam culpadas por acumular riquezas na terra, podem ser extremamente culpadas de mundanismo, por estarem constantemente pensando nesses assuntos. John Piper nos auxilia a entender essa verdade ao declarar: "A ansiedade e a fé são como água e óleo: não podem ser misturadas. Você pode possuir uma ou outra, mas não as duas simultaneamente.  A ansiedade é o resultado de imaginar um futuro sem Deus nele." Esta distinção revela a natureza sutil da ansiedade. Podemos nos congratular por não sermos materialistas no sentido tradicional – não possuímos mansões, carros luxuosos ou contas bancárias generosas – mas ainda assim podemos dedicar uma parte desproporcional de nossa energia mental às preocupações com o sustento diário.

 Necessitamos atentar para a terrível sutileza do inimigo espiritual, Satanás. Sua estratégia não é necessariamente nos empurrar para o materialismo ostensivo, mas simplesmente desviar nossa atenção de Deus para as preocupações mundanas. D.A. Carson explica que "a ansiedade funciona como um ácido corrosivo na alma, dissolvendo lentamente nossa confiança nas promessas de Deus. É uma forma de ateísmo prático que vive como se Deus não existisse ou não se importasse."   A metáfora utilizada é particularmente esclarecedora: podemos vencer a tentação do materialismo que bate à "porta da frente", apenas para sermos derrotados pela ansiedade que se infiltra pela "porta dos fundos". Ambas são manifestações do mesmo problema – o deslocamento de Deus do centro de nossas preocupações.

O que torna o ensinamento de Cristo tão relevante é sua aplicabilidade universal. Independentemente do status financeiro – ricos ou pobres – todos estamos vulneráveis a esta forma de distração espiritual. A ansiedade é democrática em sua opressão. John Stott, em sua análise perspicaz do Sermão do Monte, ressalta: "A ansiedade não é apenas um problema psicológico, mas fundamentalmente teológico. Quando Jesus diz 'não andeis ansiosos', Ele não está oferecendo uma técnica de controle do estresse, mas chamando seus seguidores a uma radical reorientação de confiança, do visível para o invisível, do temporal para o eterno."

Sendo assim, como vencer a ansiedade? Há esperança para nós? Jesus não expõe nossa fragilidade sem oferecer remédio. Ele apresenta as aves do céu e os lírios do campo como exemplos da providência de Deus (vv. 26–30). Se nosso Pai cuida assim da Sua criação, quanto mais de nós, feitos à Sua imagem! A cura para a ansiedade é a fé ativa: buscar primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, confiando que todo o restante será acrescentado (v. 33).

Esta transição do pensamento ansioso para a confiança não ocorre instantaneamente, mas através de uma disciplina espiritual diária. Como explica Timothy Keller, "A oração é o principal meio pelo qual transferimos nossa dependência das circunstâncias para a dependência de Deus. Ela não muda apenas nossa perspectiva, mas reorienta nossa identidade." O apóstolo Paulo nos aconselha: "Não estejais ansiosos por nada; ao contrário, em tudo, por meio de oração e súplica, com ações de graças, apresentem vossos pedidos a Deus" (Filipenses 4:6-7).

Em um universo dominado pela produtividade e acumulação, como resume R.C. Sproul, "O remédio para a ansiedade não consiste apenas em tentar parar de se preocupar, mas em depositar nossa fé em um Deus que já demonstrou sua fidelidade inúmeras vezes na história e em nossas vidas pessoais." A ausência de ansiedade não é apenas uma vantagem psicológica - é um aspecto crucial da autêntica vida espiritual, onde nossas inquietações são posicionadas corretamente na ordem de nossas prioridades.

Portanto, devemos praticar diariamente a entrega das nossas ansiedades a Deus (1 Pedro 5:7), entendendo que nossa identidade não reside no que temos ou alcançamos, mas em quem somos em Cristo - filhos amados e protegidos pelo Pai Celeste.

Rev. Liberato Pereira dos Santos


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