Mateus 7:15-20
No cenário religioso atual, uma das
principais ameaças não provém de indivíduos que se opõem explicitamente à
crença, mas sim daqueles que se apresentam como seus mais fervorosos
defensores. Jesus Cristo, no seu magnífico Sermão da Montanha, advertiu acerca
de profetas fraudulentos que se aproximam "vestidos como ovelhas, mas que
interiormente são lobos devoradores". Esta advertência, feita há dois
milênios, ressoa com urgência ainda maior em nossa época.
A Sutileza do Engano - O que
torna os falsos profetas particularmente perigosos é sua capacidade de
mimetismo. Eles não chegam brandindo heresias óbvias ou negando verdades
fundamentais de forma explícita. Ao contrário, eles se vestem com o vocabulário
da fé, adotam posturas piedosas e frequentemente demonstram grande eloquência e
carisma. Assim como árvores que parecem saudáveis, mas geram frutos com
defeitos, tais líderes podem iludir até os mais atenciosos. Conforme expõe
Palmer Robertson em sua obra "The Christ of the Prophets", "o
falso profeta não é necessariamente aquele que nega Cristo de maneira
explícita, mas sim aquele que, de forma sutil, contesta a autoridade das
Escrituras ao mesmo tempo em que conserva uma fachada de ortodoxia".
Jesus empregou a metáfora da árvore
e seus frutos para ilustrar um princípio essencial: a autêntica essência de um
indivíduo se manifesta não em suas palavras sofisticadas ou em sua aparência
exterior, mas na qualidade de sua produção espiritual. "Pelos seus
frutos os conhecereis", declarou o Mestre, enfatizando que este é o
critério definitivo de avaliação. John Piper, em "Brothers, We Are Not
Professionals", enfatiza essa verdade ao afirmar: "O ministério
autêntico não se mede pela eloquência ou pelo tamanho da congregação, mas pela
fidelidade às Escrituras e pela transformação genuína de vidas conforme a
imagem de Cristo."
Além das Aparências - A
advertência de Cristo vai além da simples identificação de falsos mestres. Ela
nos chama a uma reflexão profunda sobre a natureza da genuína transformação
espiritual. Muitos podem assumir comportamentos cristãos, adotar linguagem
religiosa e até mesmo executar ações aparentemente piedosas. Contudo, sem uma
real transformação interna – o que Jesus chamou de "renascimento
espiritual" – todas essas manifestações externas são apenas representação
teatral.
O perigo não está apenas em ser
enganado por outros, mas em enganar a si mesmo. É possível desenvolver uma
versão superficial da fé que impressiona observadores externos, mas que carece
da substância vital que caracteriza o autêntico discipulado. Esta pseudotransformação
é como uma árvore que aparenta saúde, mas cujos frutos revelam sua verdadeira
condição deficiente.
O Teste dos Frutos - Como
então distinguir o autêntico do falsificado? Jesus oferece um critério prático:
observe os frutos. Não as palavras, não as aparências, não as credenciais ou a
popularidade, mas os resultados concretos da vida e ministério de uma pessoa.
Frutos genuínos incluem humildade verdadeira, amor sacrificial, integridade
consistente e um crescimento espiritual que beneficia outros sem buscar glória
pessoal. John MacArthur, em "The Truth War", destaca que
"discernimento bíblico requer que examinemos não apenas o que os líderes
dizem, mas como suas vidas e ministérios se alinham com o padrão absoluto da
Palavra de Deus".
Os frutos de falsos profetas, mesmo
quando parecem impressionantes, revelarão eventualmente sua natureza
defeituosa. Podem incluir divisão em nome da verdade, manipulação emocional
disfarçada de discipulado, ou a promoção sutil do ego humano em detrimento da
glória divina.
Vigilância e Discernimento - A
mensagem de Jesus não é um convite ao cinismo, mas um chamado à maturidade
espiritual. Em uma era em que a imagem frequentemente prevalece sobre a
substância, e as redes sociais podem criar personas que não correspondem à
realidade, esta antiga sabedoria se torna ainda mais relevante. Como observa
Sinclair Ferguson em "The Holy Spirit": "A maturidade espiritual
não se manifesta pela capacidade de criticar outros, mas pela sabedoria de
aplicar os mesmos padrões bíblicos rigorosos a nós mesmos. O discernimento
verdadeiro sempre começa com o autoexame, reconhecendo que somos tão propensos
ao autoengano quanto aqueles que avaliamos."
O verdadeiro cristianismo não é uma
coleção de modificações comportamentais externas, mas uma transformação
fundamental da natureza humana. É este padrão elevado que devemos aplicar não
apenas aos outros, mas principalmente a nós mesmos, lembrando que também
seremos julgados pela mesma medida que utilizamos. O chamado ao discernimento,
portanto, é simultaneamente um convite à humildade e ao crescimento contínuo em
nossa própria jornada de santificação.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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