sábado, 13 de setembro de 2025

LIDANDO COM OS COMPLEXOS 14.09.2025

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                A complexidade do ser humano aparece de diversas formas em nossa construção psíquica, estabelecendo barreiras que nos dificultam e nos impedem de gozar de uma vida equilibrada e saudável. No decorrer de sua existência, o ser humano propende a posicionar-se em extremos prejudiciais: ou por um lado diminuindo-se demais, ou por outro, exaltando-se excessivamente. Compreendê-los e superá-los é de fundamental importância para o desenvolvimento pessoal e espiritual.

A raiz de nossas complicações emocionais remonta ao que a teologia chama de queda do homem. Como observou Salomão: "Deus fez o homem reto, este, porém, procura complicações sem conta". Essa tendência à complicação começou quando o primeiro homem desenvolveu medo de Deus e perdeu sua naturalidade original, passando a conhecer artificialmente o bem e o mal. Todos os problemas psicológicos subsequentes têm relação com esse pecado original que introduziu a desconfiança e o rompimento na relação fundamental.

Algumas pessoas desenvolvem uma autopercepção extremamente negativa, considerando-se "insignificantes" diante dos outros e da vida. Essas pessoas se caracterizam por uma profunda infelicidade e dificuldade de relacionamento. Declaram-se miseráveis, incapazes de qualquer realização significativa, reduzidas ao extremo da insignificância. Não se sentem valorizadas e, consequentemente, se diminuem constantemente, sendo também diminuídas pelos demais.

Este padrão comportamental leva ao isolamento social e, como reação natural à frustração, pode resultar em agressividade direcionada aos outros. É uma forma doentia de lidar com a realidade, que nega a verdadeira identidade e valor do ser humano.

No polo oposto, encontramos aqueles que se consideram "seres excepcionais" - pessoas dotadas de capacidades extraordinárias. Essas pessoas vivem contando histórias de sucesso, vangloriando-se de feitos grandiosos e assumindo uma postura arrogante perante os demais. Andam empertigados, acreditando possuir todos os dons e vantagens possíveis, exaltando-se a si mesmas e provocando a admiração alheia de forma artificial.

Ambos os extremos representam erros grosseiros de percepção. A verdade é que ninguém é insignificante, nem excepcional em si mesmo. O ser humano ocupa uma posição única na criação: é "por um pouco, menor do que Deus", recebeu domínio sobre as obras divinas e foi coroado de glória. Simultaneamente, não passa de "um caco de barro entre outros cacos", dependente totalmente da misericórdia divina.

A Bíblia ensina que ninguém deve pensar de si mesmo além do que convém, mas sim manter "uma justa estima, ditada pela sabedoria, de acordo com a medida da fé que Deus dispensou a cada um". Esta justa estima proíbe tanto a exaltação quanto a diminuição excessiva. É necessária honestidade na autoavaliação: se você está além da medida, deve recuar; se está aquém, deve avançar.

A vida de Moisés ilustra perfeitamente essa jornada de descoberta do equilíbrio. Nos primeiros quarenta anos, educado na corte de Faraó, pensava que era tudo - possuía toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras. Nos segundos quarenta anos, no exílio em Midiã, foi para o extremo oposto, considerando-se incapaz e alegando nunca ter sido eloquente. Finalmente, nos últimos quarenta anos, descobriu que nem ele era tudo, nem era nada - Deus é que é tudo.

O caminho correto não é oscilar entre autossuficiência total e nenhuma autossuficiência, mas descobrir que "a nossa suficiência vem de Deus". É necessário abandonar tanto a soberba quanto a timidez excessiva. Humildade e ousadia - não são opostas, mas complementares e essenciais para uma vida equilibrada.

Como disse Charles Spurgeon: "Nós somos mendigos na porta do amor de Deus, mas somos reis no palácio da sua graça." Essa ideia com dois paradoxos é bem significativa, uma vez que percebemos a nossa dependência da misericórdia de Deus e celebramos a nossa dignidade e o poder que recebemos como filhos de Deus.

Assim, essas duas virtudes - humildade e ousadia - não são opostas, mas complementares e essenciais para uma vida equilibrada. Combater os complexos pode ser a luta progressiva para nos libertar de amarras psicológicas. A fim de que vivamos com naturalidade e devemos ter noção de nossas limitações, além disso, de nosso verdadeiro valor. Isso é tudo que precisamos para construir relações saudáveis e cumprir nosso propósito com autenticidade e equilíbrio.

Rev. Liberato Pereira dos Santos


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