quinta-feira, 27 de novembro de 2025

ABRA SEU OLHO, FIQUE ATENTO! 23.11.2025

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Marcos 13:33

Em meio a um mundo obcecado por segurança: câmeras por toda parte, alarmes sofisticados, senhas complicadas, é paradoxal que muitos de nós vivamos em um estado de sonolência espiritual. Nos preocupamos em proteger nossos bens materiais e nossa privacidade digital, mas negligenciamos a vigilância sobre o que é mais importante: nossa alma, nossa fé, nossa posição com Deus. No entanto, a Bíblia nos chama à vigilância constante, não por medo ou paranoia, mas sim por um amor zeloso pela verdade e santidade. É um convite a abrir os olhos para a realidade espiritual que nos cerca, um chamado pastoral para estarmos atentos.

A vigilância cristã não é uma atitude de desconfiança generalizada, mas uma postura de sobriedade e discernimento. É a consciência de que vivemos em um campo de batalha espiritual, em que o inimigo, sutil e astuto, busca nos desviar da fé. Não se trata de um legalismo pesado, mas de uma liberdade responsável, nascida da graça que nos capacita a viver para Cristo. É a compreensão de que, embora a salvação seja pela graça, nossa caminhada exige participação ativa, um "combate" diário para manter a fé.

A Bíblia nos oferece metáforas ricas para a vigilância. Uma delas, poderosa e muitas vezes esquecida, vem de 2 Crônicas 26:10, que descreve o rei Uzias construindo torres de vigia no deserto e cavando muitas cisternas. Esta imagem é um espelho para a vida cristã. As torres de vigia representam a vigilância em si: a proteção contra os inimigos espirituais, a observação constante do campo de batalha da alma, a sobriedade e a cautela que nos mantêm alertas. Elas são o nosso olhar atento para o mundo e para as ciladas do maligno. Por outro lado, as cisternas simbolizam a oração: a comunhão íntima com Deus, a fonte de nutrição espiritual que nos sustenta. Assim como as cisternas armazenavam água – a vida no deserto –, a oração armazena a vida, a força e a direção de Deus em nós. Jesus mesmo conectou essas duas disciplinas ao nos exortar: "Vigiai e orai" (Mateus 26:41). Elas são atividades complementares e inseparáveis. Vigiar sem orar nos leva à exaustão e à arrogância, como construir torres sem provisões para os vigias. Orar sem vigiar, por sua vez, é imprudência, como cavar cisternas sem ter torres para perceber os ataques do inimigo. A oração nos proporciona a força; a vigilância nos dá a direção para usar essa força. Ambas as disciplinas se preservam mutuamente, garantindo que nossa fé seja robusta e nossa caminhada, segura.

Onde, então, precisamos construir nossas torres e cavar nossas cisternas hoje? Em diversas áreas da nossa vida:

Primeiro, na boca e nas redes sociais. Nossas palavras podem edificar ou matar. Em um ambiente digital em que a impulsividade e a crítica são a norma, precisamos vigiar o que falamos e escrevemos. A vigilância aqui significa discernir o que edifica e o que destrói, o que glorifica a Deus e o que apenas inflama contendas.

Segundo, na mente e no consumo de conteúdo. O que alimentamos nossa mente? Filmes, séries, músicas, notícias, podcasts – tudo isso molda nossa visão de mundo. A vigilância nos convida a filtrar, a questionar, a buscar o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável e de boa fama (Filipenses 4:8).

Terceiro, nos olhos e no que contemplamos. O que nossos olhos veem? Em uma cultura visualmente saturada sensualidade e pornografia, é fácil ser seduzido por imagens que desviam nosso coração. Vigiar os olhos é proteger a porta da alma, escolhendo deliberadamente o que permitimos entrar.

Quarto, na herança espiritual e na sã doutrina. Vivemos em tempos de grande confusão teológica. A vigilância aqui é a de uma sentinela que protege a verdade do Evangelho. É estudar a Palavra, apegar-se aos fundamentos da fé reformada e discernir as falsas doutrinas que se apresentam como luz. J.I. Packer, em "Knowing God", nos lembra que "o conhecimento de Deus é um conhecimento que envolve a mente, a vontade e as emoções". Conhecer a Deus exige atenção deliberada e vigilância para não distorcer Sua verdade.

A vigilância, portanto, não é um fardo, mas um privilégio. É a resposta de um coração grato à graça soberana de Deus. John Piper, em "When I Don't Desire God", afirma que "a vigilância é a oração em ação, e a oração é a vigilância em submissão". Elas são inseparáveis. Não podemos vigiar sem orar por força e discernimento, nem orar sem vigiar para aplicar a direção divina.

Que possamos, como o rei Uzias, ser sábios em nosso tempo. Que construamos nossas torres de vigilância com discernimento e cavamos nossas cisternas de oração com fervor. Que abramos nossos olhos para a realidade espiritual e estejamos atentos, não por medo, mas por um amor profundo a Cristo e à Sua verdade. Que nossa vida seja um testemunho de uma fé vigilante e orante, para a glória de Deus.

Rev. Liberato Pereira dos Santos



Disponibilizamos o boletim informativo da IPBN, a fim de que você fique por dentro daquilo que Deus está fazendo em/através da nossa comunidade. Boa leitura. Click no link abaixo e faça o download: https://mega.nz/file/1l5H1IQa#vQ9tUHoGAUKXpI12xrIQuFSmJskdN5MRN6PCA3S1pm8

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