Efésios 2:1-10
O texto começa afirmando a condição do homem sem Cristo, “morto em suas transgressões e pecados.” Lembro-me do filme “A Noite dos Mortos Vivos”, uma das cenas em que os mortos saem do cemitério. Paulo diz que é assim que o homem sem Cristo está espiritualmente. Fisicamente, estão vivos, mas espiritualmente estão mortos, vazios, estéreis e sem sentido real para sua existência.
Quando o apóstolo afirma que “estavam mortos em suas transgressões e pecados”, seu pensamento reflete a ideia de que o homem cruzou a linha do propósito. Pense na estação do metrô, a linha amarela estabelece o limite para o acesso ao trem, para sua segurança, você não deve ultrapassá-la. Isso é o que Deus fez por nós. Ele traçou diretrizes (linhas amarelas), para obedecermos, visando ao nosso próprio bem. Orientações, por exemplo: “Não terás outros Deus além de mim”, “não mentir, roubar, matar, cometer adultério, honrar pai e mãe”, “amá-Lo acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo.” Quando cruzamos esses limites, rompemos nosso relacionamento com Deus, machucamos alguém e prejudicamos nossas próprias vidas. Na verdade, transgredimos essas e outras linhas o tempo todo, somos atravessadores de linhas habitualmente.
Todavia a má notícia não para aí, Paulo diz que o homem sem Cristo vive “satisfazendo os desejos de sua natureza pecaminosa” v.3 O problema maior é o fato de as pessoas não se considerarem pecadoras. Geralmente, têm uma ideia equivocada do pecado. Concordam prontamente que o ladrão e o assassino são pecadores, mas, como a maioria dos cidadãos é respeitável, no íntimo do coração, pensam que o pecado não tem nada a ver consigo mesmo. Eles são pecadores, eu não, pois não faço o que eles fazem. Semelhante àquela primeira mordida numa maçã madura, crocante e saborosa, mas você não olha e ver um verme dentro. O pecado é como o verme. Do lado de fora da maça, você pode ver apenas uma pequena mancha, mas quando a abre, está arruinada. O pecado destrói sua vida de dentro para fora, assim como o bicho da maçã. Você pode ser capaz de esconder do resto do mundo, mas o defeito se encontra em seu coração, adoecendo-o interiormente.
Mas Paulo nos dá uma notícia maravilhosa: “Deus nos deu vida com Cristo, mesmo quando estávamos mortos em nossas transgressões… pela graça somos salvos…” v.5. Na carta aos colossenses (2:13-14), ele afirma que o homem estava morto por causa de seus pecados e sua natureza pecaminosa ainda não havia sido eliminada. Então Deus nos deu vida com Cristo, pois Ele perdoou todos os nossos pecados, e cancelou o registro das acusações contra nós, quando Jesus derramou Seu precioso sangue na cruz do Calvário.
A boa notícia do evangelho é que fomos “salvos pela fé”. Quando falamos a um não-cristão que somos “salvos”, ele pensará que você é estranho, para dizer o mínimo, porque ele está espiritualmente morto, mas para aqueles que são “salvos” essa confiança é o seu bem mais precioso. Então, o que é esse negócio de ser “salvo”? A Bíblia fala de ser “salvo da ira” (Rm 5:9) ou “livre da ira vindoura”. O julgamento de Deus sobre nossa raça rebelde. Ser “salvo” é ser resgatado e libertado dessa condenação final. Mas há outro significado valioso dessa palavra: “ser restaurado.” A salvação é a renovação de uma imagem manchada, corrompida, a recuperação do que foi perdido. Se pensarmos na salvação apenas como uma fuga do perigo iminente, como disse John Wesley, “como uma marca arrancada da fogueira” ou uma libertação do “corredor da morte”, empobrecemos seu significado. A vitória de Cristo ainda não é totalmente visível, mas o povo de Deus já desfruta de seus efeitos. Sim, estamos salvos desses males por algo magnífico. Imagine, por eras infinitas, Deus está pensando em maneiras de ser gentil conosco, apenas porque pertencemos a Cristo! Porém, mesmo no “aqui e agora”, Ele quer que estejamos plenamente vivos, até que finalmente sejamos conformados à imagem de Seu Filho.
A salvação no Novo Testamento pode ser descrita como: “passado, presente e futuro.” Paulo afirmou: “(vocês) foram salvos”, o que retrata uma ação no passado com efeitos contínuos. Indica que uma convergência foi realizada, e uma mudança decisiva ocorreu em sua situação. Mas o apóstolo também afirma que os cristãos estão “sendo salvos”. Há um processo contínuo de transformação em sua experiência, isso aponta para a nossa santificação. Deus está trabalhando na vida de seu povo, renovando-o e aperfeiçoando-o. E depois há a afirmação de que o povo de Deus “será salvo”, isso nos diz que a obra da salvação de Deus um dia será consumada: “Seremos como Ele (Cristo), porque o veremos como Ele é.” (I João 3:2)
Isso é absolutamente incrível! Que transformação para os pecadores! Agora salvos e eternamente seguros pela graça de Deus em Cristo. Ultrapassa todo o entendimento humano! Se somos salvos, estamos “com Cristo… em Cristo”. Podemos cantar o hino: “Maravilhosa graça seu infinito amor. Tomou o meu lugar, a minha cruz levou, sua vida entregou para me resgatar oh oh oh! Pra sempre eu canto o que fizeste a mim.” Estávamos mortos, mas fomos vivificados espiritualmente e o Espírito de Cristo testifica com nosso espírito que somos seus filhos, e podemos dizer como Paulo: “Porque sei em quem tenho crido e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.” Agradeça a Deus pelo que Ele fez por você em Cristo.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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