Em 31 de outubro de
1517, um monge agostiniano chamado Martinho Lutero afixou noventa e cinco teses
na porta da Catedral do Castelo em Wittenberg, onde era orador. Isso pode
parecer estranho para nós, mas era a prática normal de conduzir um debate
acadêmico nos dias dele. Por amor à verdade e pelo desejo de elucidá-la,
Lutero, Mestre das Artes e em Teologia, desafiava aqueles que não podiam estar
presentes, para o debate oral, que o fizessem por carta. O que se seguiu foi
uma lista de noventa e cinco proposições que ele queria debater. Essa lista
incluía argumentos como:
- Assim sendo, o
arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o
homem se desagradar de si mesmo, a saber, até à entrada para a vida eterna.
- Esperar ser salvo
mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de
indulgências e o próprio papa oferecessem sua alma como garantia.
- O verdadeiro tesouro
da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
- Haja vista exemplo
como este: Por que o papa não livra duma só vez todas as almas do purgatório,
movido pela santíssima caridade e considerando a mais premente necessidade das
mesmas, havendo santa razão para tanto, quando, em troca de vil dinheiro para a
construção da basílica de São Pedro, livra inúmeras delas, logo por motivo
bastante infundado?
A
ação de Lutero é reconhecida por muitos como o início da Reforma Protestante. Seu
objetivo não era dividir, mas reformar a Igreja Católica Romana, levando-a a
reconhecer o seu erro e retornar à pureza do Evangelho. No entanto, ele acabou
sendo excomungado e se tornou o líder da Reforma Protestante, na qual somos os herdeiros
espirituais.
Em 1507, dez anos antes
de Lutero publicar suas Noventa e Cinco Teses, ele foi ordenado sacerdote em
Erfurt e começou a estudar Teologia na Universidade desta cidade. Durante seus
estudos, sofreu influência das ideias dos Humanistas e abraçou seu slogan “Ad
Fontes!”, que significa: “De volta à fonte!” Para ele, isso significava o
estudo da Bíblia em seu original hebraico e grego. Esse compromisso o levou a
estudar a Palavra de Deus, de modo que o Senhor finalmente o iluminou quanto ao
entendimento correto dela.
Apesar
de herdeiros deste episódio, temos visto um grande declínio espiritual na
igreja, tornando-se necessário e urgente uma Reforma em nossos dias.
A
crítica de Martinho Lutero à igreja, em seus dias, soou muito como a repreensão
de Jesus a Sardes. Não temos dúvida que se torna atualíssima para a igreja
contemporânea. Ele viu uma igreja que parecia ter uma reputação externa aparentemente
viva, mas havia perdido a mensagem do Evangelho. Possuía muita atividade, mas
não tinha a aprovação de Deus. O mundanismo e o pecado não estavam sendo confrontados.
De fato, uma das
preocupações que levou Lutero a publicar suas teses, foi a venda de
indulgências. O Papa estava tentando arrecadar dinheiro para construir a
Basílica de São Pedro em Roma e, para alcançar seu objetivo, determinou a venda
de indulgências para que as pessoas pudessem escapar completamente do
purgatório. As pessoas compravam as indulgências e depois pecavam porque
acreditavam que suas almas estavam seguras para a eternidade.
Será que a prática de
oferecer rosas ungidas, água do Rio Jordão, óleos ungidos não são evidências da
prática de indulgências em nossos dias? O que dizer do culto ao homem em nossas
igrejas, retirando a centralidade do Senhor? O oferecimento de solução aos
grandes problemas da vida simplesmente tornando-se contribuinte por meio de um
carnê. Os dízimos e ofertas, que deveriam ser expressões de fidelidade, amor e
gratidão, tornaram-se um meio para manipulação e controle. Quando tudo na
igreja vira um meio de arrecadação, não transformamos o ministério em um grande
mercado de indulgências?
Quais são os sinais de
uma igreja que se aparenta viva, mas na verdade está morta? O Pastor John
MacArthur responde: “Uma igreja está em perigo quando se contenta em descansar
sobre os louros do passado, quando se preocupa mais com as formas litúrgicas do
que com a realidade espiritual, quando se concentra em curar males sociais em
vez de mudar o coração das pessoas por meio da pregação do evangelho
vivificante de Jesus Cristo. Quando está mais preocupada com o que os homens
pensam do que com o que Deus ordenou, quando está mais apaixonada por credos
doutrinários e sistemas de teologia do que pela Palavra de Deus, ou quando
perde sua convicção de que cada palavra da Bíblia é a palavra do próprio Deus.
Não importa qual seja sua frequência, não importa quão impressionantes sejam
seus edifícios, não importa qual seja seu status na comunidade, tal igreja,
tendo negado a única fonte de vida espiritual, está morta.”
Sendo
assim, necessitamos ouvir a voz da Reforma em nossos dias e, como Lutero e
tantos outros reformadores, apontarmos os desvios da igreja, convocando-a ao
arrependimento e volta à verdadeira mensagem do Evangelho.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
ATENÇÃO
Disponibilizamos o boletim informativo da IPBN, a fim de que você fique por dentro daquilo que Deus está fazendo em/através da nossa comunidade. Boa leitura. Click no link abaixo e faça o download:https://mega.nz/file/EAYmXKCJ#kZ5rDj0JN1w1oAFHLpPxnjIJ8v-VROB8lKFts4O_mUo
Postar um comentário