A vida no cristianismo é embalada por
lutas espirituais, sendo que frequentemente estas se iniciam no ponto mais
íntimo da nossa existência: a mente. O apóstolo Paulo, em 2 Coríntios 10:5, nos
convoca para uma postura ativa, nossa resposta a esta batalha não é passiva,
mas vigilante e forte: trazer cativo todo pensamento a obediência a Cristo.
Esta não é uma sugestão pastoral, mas um imperativo para aqueles que desejam
viver em vitória sobre o desânimo e as investidas do inimigo.
O desânimo não surge do nada. Ele é
frequentemente o resultado de uma mente que se deixou dominar por pensamentos
contrários à verdade de Deus. Quando aceitamos que dúvidas, temores e fantasias
tenham espaço na mente, abrimos portas para que o opositor construa
fortalezas. A Escritura é clara: porque
não temos a luta contra sangue e carne, mas contra os principados, contra as
potestades, contra os dominadores das trevas desse século, contra as forças
espirituais da maldade nas regiões celestes.
E a principal arena do campo de batalha é a mente.
A renovação da mente, conforme Paulo
ensina em Romanos 12:2, não é um processo passivo. Exige disciplina,
intencionalidade e, sobretudo, submissão à Palavra de Deus. A mente carnal,
controlada pelos impulsos da carne, é inimiga de Deus e incapaz de se sujeitar
à Sua lei. Por isso, precisamos de uma transformação radical, que só ocorre
quando permitimos que o Espírito Santo nos guie para toda a verdade.
Martyn Lloyd-Jones, em sua obra
clássica sobre depressão espiritual, observou com precisão: "A principal
arte na questão da vida espiritual é saber como lidar consigo mesmo. Você tem
que tomar-se em mãos, tem que se dirigir, pregar para si mesmo, questionar-se"
(LLOYD-JONES, Martyn. Depressão Espiritual: Suas Causas e Cura. São Paulo: PES,
2002, p. 20). Esta verdade ressoa profundamente quando consideramos a batalha
contra o desânimo. Não podemos ser passivos diante dos pensamentos negativos que
assaltam nossa mente.
Satanás conhece o poder da
imaginação. Ele sabe que, se conseguir plantar sementes de dúvida e
incredulidade em nossa mente, colherá frutos de desânimo e derrota. Suas
táticas são sutis: um pensamento aqui, uma lembrança ali, uma projeção negativa
do futuro. Antes que percebamos, estamos presos em ciclos de pensamentos
destrutivos que minam nossa fé e nos afastam da confiança em Deus.
A defesa contra esses ataques está
na Palavra de Deus. A Escritura não é apenas um livro de orientações morais; é
a espada do Espírito, capaz de discernir pensamentos e intenções do coração.
Quando enchemos nossa mente com a verdade bíblica, criamos um escudo contra as
mentiras do inimigo. Mais do que isso: a Palavra tem poder criativo e
transformador. Ela não apenas informa, mas transforma.
John Piper, ao refletir sobre a
centralidade da Palavra na vida cristã, afirmou: "A Palavra de Deus é o
combustível da adoração. Portanto, se você quer que seu coração arda com
adoração, alimente-o com a verdade da Palavra de Deus" (PIPER, John.
Quando Não Desejo a Deus: Como Lutar pelos Prazeres de Deus. São Paulo: Vida
Nova, 2010, p. 89). Esta verdade se aplica diretamente à nossa luta contra o
desânimo: quando nossa mente está saturada da Palavra, nosso coração arde com
esperança e fé renovadas.
Um aspecto em geral esquecido na batalha
espiritual é o poder da confissão verbal.
Falar a Palavra de Deus em voz alta não é como um misticismo, mas antes
a obediência ao princípio bíblico de que a fé vem pelo ouvir. Quando nós pronunciamos as promessas de Deus
para nossas vidas, nós não estamos apenas estabelecendo a verdade em nossas
próprias mentes, mas liberando poder espiritual contra as forças das trevas. A
confissão da Palavra é um ato de guerra espiritual.
Para renovar a mente de forma
prática, precisamos identificar padrões de pensamento negativos. Quais são os
pensamentos recorrentes que nos roubam a paz? Que mentiras temos acreditado
sobre nós mesmos, sobre Deus ou sobre nossas circunstâncias? Uma vez identificados,
devemos substituí-los conscientemente pela verdade bíblica. Se o pensamento é
"Deus me abandonou", a verdade é "Nunca te deixarei, nem te
desampararei" (Hebreus 13:5). Se o pensamento é "Não tenho
forças", a verdade é "Tudo posso naquele que me fortalece"
(Filipenses 4:13).
O Espírito Santo desempenha papel
fundamental nesse processo. Ele é o Consolador, o Guia, aquele que nos lembra
das palavras de Cristo e nos capacita a viver em vitória. Sem Sua atuação,
nossos esforços serão em vão. Por isso, a dependência do Espírito não é
opcional, mas essencial para quem deseja vencer o desânimo.
A batalha pela mente é diária e
exige perseverança. Não é uma experiência ocasional, mas um estilo de
vida. Nós precisamos pôr cada manhã a
armadura de Deus, tomar a espada do Espírito e estar de pé na verdade. O
desânimo pode bater à porta, mas não precisa entrar. Quando nossa mente está
fortificada pela Palavra e guardada pelo Espírito Santo, somos mais que
vencedores.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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