Efésios 4:1-6
A unidade na comunidade cristã é, para
as igrejas da atualidade, um dos maiores desafios. A partir da exortação
paulina para "guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef
4:3), notamos que esta unidade não é dada à própria natureza, mas implica um
esforço intencional e requer o desenvolvimento de certas qualidades de cada um
dos crentes.
O dilema da unidade - O grande paradoxo da igreja é que ela é
composta por pessoas - aí reside tanto sua força quanto sua vulnerabilidade.
Sem pessoas não há igreja, mas são justamente elas que representam o maior
desafio para a harmonia congregacional. Cada indivíduo traz bagagem única:
diferentes origens, visões sobre certo e errado, opiniões metodológicas e
agendas pessoais distintas.
Nossa natureza caída nos inclina ao
egoísmo e egocentrismo. Experimentamos ciúmes quando outros prosperam, raiva
quando nos sentimos injustiçados, e frequentemente agimos por ressentimento.
Nossa capacidade limitada de perdoar e amar genuinamente compromete
relacionamentos saudáveis dentro do corpo de Cristo.
A humildade como fundamento - Para que a igreja caminhe em unidade,
características essenciais devem estar presentes na vida de cada crente. A
primeira e mais fundamental é a humildade - virtude revolucionária que
contrasta com valores seculares.
A cultura greco-romana considerava
humildade uma fraqueza. Para eles, qualquer pessoa que colocasse outros à
frente era vista como covarde. O conceito foi tão estranho que os cristãos
precisaram criar uma palavra específica para descrevê-la. Contudo, essa virtude
"fraca" tornou-se fundamental para a vida cristã autêntica.
O perigo do orgulho - O orgulho representa a antítese da
humildade e constitui a maior ameaça à unidade congregacional. Definido como
opinião elevada da própria dignidade e importância, manifesta-se de múltiplas
formas na vida eclesiástica.
Presente
no primeiro pecado de Lúcifer e no pecado original no Éden, o orgulho é
consistentemente condenado nas Escrituras. Satanás o utiliza como ferramenta
principal de tentação, buscando levar crentes a roubar a glória exclusiva de
Deus.
As manifestações incluem: incapacidade
de reconhecer a própria arrogância, ingratidão, explosões de raiva,
perfeccionismo egoísta, monopolização de conversas, hipersensibilidade às
críticas, resistência ao ensino, necessidade de elogios, atitudes defensivas e
resistência à autoridade. O orgulho faz com que dominemos conversas, falemos
constantemente sobre nós mesmos e sejamos rudes, pensando ser mais importantes
que outros.
A natureza da verdadeira humildade - A humildade genuína é paradoxalmente
elusiva - quando alguém pensa que a possui, provavelmente já a perdeu. É
qualidade visível aos outros mas raramente reconhecida por quem a demonstra.
A verdadeira humildade envolve dois
componentes essenciais. Primeiro, uma visão adequada de si mesmo. A pessoa
humilde reconhece sua natureza pecaminosa sem comparar-se constantemente com
outros, compreendendo sua dependência total de Deus para qualquer realização
genuína.
Segundo, uma visão adequada de Deus.
Quando Isaías, Paulo, Pedro e Jó tiveram encontros genuínos com Deus, foram
naturalmente humilhados. Reconheceram Deus como fonte de salvação, justiça e
toda bênção, compreendendo que Ele os aceita apesar de suas falhas.
A
pessoa verdadeiramente humilde entende que Deus não se impressiona com
educação, fama, habilidades ou realizações. Quando confiamos nessas coisas em
vez de Deus, erguemos barreira impenetrável entre nós e Ele.
O impacto na vida vongregacional - Orgulho e humildade produzem efeitos
drasticamente diferentes na dinâmica congregacional. O orgulho leva à exigência
dos próprios direitos, ofensa fácil, auto exaltação e domínio conversacional -
atitudes que minam sistematicamente a unidade.
Em
contraste, a humildade produz compreensão de que a vida não gira em torno de
desejos pessoais, mas da glória de Deus. A pessoa humilde não se ofende
facilmente, não exige direitos, não busca auto exaltação e coloca o bem dos
outros acima do próprio. Ela se rende ao Espírito Santo e confia em Sua
direção.
William Temple definiu humildade como
"liberdade de pensar em si mesmo de uma forma ou de outra". A pessoa
verdadeiramente humilde não pensa mal de si mesma - simplesmente não pensa em
si mesma.
Para que a igreja experimente unidade
genuína, cada membro deve buscar humildade de coração, onde somente a vontade e
glória de Deus importam. Quando este desejo domina cada coração, a igreja
caminha em perfeita harmonia, refletindo o caráter de Cristo ao mundo. A
humildade não é fraqueza, mas a força que permite à comunidade cristã
transcender diferenças pessoais e caminhar unida em propósito e amor.
Rev. Liberato Pereira dos Santos
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